Folha de S. Paulo


Com ex-presidentes e celebridades, David Letterman diz adeus à TV

Reprodução/CBS
Presidente dos EUA, Barack Obama, participa da abertura do último programa de David Letterman
Presidente dos EUA, Barack Obama, participa da abertura do último programa de David Letterman

Os últimos quatro presidentes americanos (Obama, George W. Bush, Bill Clinton e George H. W. Bush) fizeram uma participação especialíssima na abertura do programa de despedida do apresentador David Letterman, 68.

Em mensagens gravadas, cada um repetiu a famosa frase "Nosso longo pesadelo nacional acabou" –dita na posse do presidente Gerald Ford, em 1974, logo após a renúncia de Richard Nixon, o escândalo de Watergate e o fim da guerra do Vietnã. Obama, o último a falar, falando ao lado do apresentador, acrescentou "Letterman está se aposentando".

Não faltam celebridades na despedida do apresentador, no ar desde 1982. No popular quadro "Top 10", a lista foi "10 coisas que você sempre quis dizer a Letterman". Os atores e comediantes Jerry Seinfeld, Julia Louis-Dreyfus, Tina Fey, Jim Carrey, Steve Martin, Chris Rock, Bill Murray, a veterana apresentadora Barbara Walters, o astro do futebol americano Peyton Manning e o ator Alec Baldwin participaram.

"Sua extensa cirurgia plástica foi uma necessidade e um erro", disse Martin. "Estou feliz que seu programa tenha sido dado a outro cara branco", disse o comediante negro Chris Rock. "Obrigado por finalmente comprovar que homens podem ser engraçados", disse Tina Fey.

Reprodução/CBS
Letterman e os dez convidados no
David Letterman e seus dez convidados no quadro '10 coisas que você sempre quis dizer a Letterman'

Os Simpsons apareceram também com seu desenho animado –o casal Homer e Marge lembrando como seus filhos Bart e Lisa "eram pequenos quando Letterman começou", brincando com o aparente congelamento da idade das crianças.

O apresentador se autodepreciou em boa parte do programa. Disse que recebeu uma ligação do cientista Stephen Hawking, que acabava de fazer um cálculo. Depois de 6028 programas em três décadas, Letterman só teria provocado "oito minutos de risadas".

Ainda relembrou de um dos momentos mais tensos da carreira, quando sofreu uma tentativa de extorsão, por manter relações sexuais com funcionárias da sua equipe.

"Um dos pontos negativos de não ter mais um programa é que, quando eu me ferrar agora, terei que ir ao show de outra pessoa para pedir desculpas."

Também relembrou como foi preterido em sua própria emissora para substituir o veterano Johnny Carson em 1992 para o horário das 23h30.

"Está parecendo que não vou conseguir virar o apresentador do 'Tonight Show desta vez", disse, no meio do programa. Letterman apresentou diariamente nos anos 80 e no início dos anos 90 o programa que aparecia logo depois do de Carson, após a 0h30. Quando Carson se aposentou, a NBC escolheu um comediante mais comportado, Jay Leno para o Tonight Show, e Letterman partiu para a concorrente CBS, no mesmo horário de Leno, desde 1993.

Vários clipes com cenas antigas do programa foram apresentadas, com participações especiais de Andy Kaufman a Bill Murray. Letterman desejou sucesso a Stephen Colbert, que vai sucedê-lo –o novo programa só deve estrear em outubro.

O apresentador, que tinha um salário estimado em US$ 40 milhões por ano, passou boa parte do programa agradecendo a seus roteiristas, pesquisadores, produtores e equipe, assim como o locutor e a banda de Paul Shaffer, que o acompanham desde o início "e que aguentam o meu nonsense dia pós dia".

"Meus roteiristas são mais engraçados que eu, mais espertos que eu, e merecem mais crédito pelo sucesso deste programa do que eu mesmo", disse. Ainda "apresentou" a mulher, Regina, e o filho, Harry, 11.

Foo Fighters, a banda favorita de Letterman, tocou "Everlong" –segundo o apresentador, essa música foi muito importante durante sua recuperação após uma cirurgia no coração em 2000. Letterman se despediu com um simples "obrigado por tudo, vocês me deram tudo. Boa noite".


Endereço da página: