Folha de S. Paulo


André Abujamra lança disco e exibe vídeo inédito do pai; veja a entrevista

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"Viajei na maionese. Resolvi levitar." Assim o músico, ator e compositor André Abujamra explica à "TV Folha" um importante detalhe de seu show no domingo (17), em São Paulo, para lançar o álbum "O Homem Bruxa".

Ele encomendou o truque da levitação a uma dupla de mágicos. Ficará suspenso a 1,20 metro no encerramento do espetáculo, durante a música "Segredos da Levitação" – coisa que, aliás, ele não revela.

"Tem todo um conceito por trás de eu querer levitar. É ver a vida de um jeito mais leve, fazer mágica", explica. Uma lição que, diz, aprendeu com o pai, o ator e diretor Antônio Abujamra, que morreu em abril, aos 82 anos.

É ao pai que André dedica "O Homem Bruxa", com quem também aprendeu, entre outras coisas, a ver beleza nos desajustes, nas coisas a que ninguém dá valor. "Ele me falou muitas coisas, desde pequenininho. Ele não falava de levitação, mas falava para ver o mundo... O mundo está estragado. Mas não adianta você ficar só com o peso do estrago."

O disco –uma alquimia sobre o tempo, a beleza por trás das imperfeições e o aprendizado com o pai– já estava pronto quando Antônio Abujamra morreu. Sua voz aparece na música "Espelho do Tempo", lendo um texto escrito pelo filho. "Foi totalmente premonitório. Se você ler o texto que ele fala, cara, é muito foda. É sobre a morte. Ele fala que vai vencer a morte e o tempo porque o brilho do seu olhar vai continuar no olhar do seu tataraneto."

Três semanas antes da morte do pai, André teve "uma intuição" e filmou Antônio Abujamra lendo o que escreveu, "em sua casinha". "Foi lindo o jeito que ele morreu. Com 82 anos, ainda trabalhando. A vida toda ele foi coerente na incoerência dele."

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Seguindo a toada do pai, gravou um disco "desajustado, para ajustar as pessoas". Desafiou-se a tocar sozinho todos os instrumentos, inclusive os que não conhecia – o mais difícil, conta, foi o trompete.

Arriscará a performance no domingo. "Estou com medo, porque tenho medo de tudo desde pequeno. Mas não estou assustado, não."

"As pessoas estão muito certinhas, cara. A musiquinha está toda afinadinha, todo mundo se veste muito alinhadinho. E está todo mundo ferrado, cara, todo mundo precisando de alguma coisa", comenta.

Completando 50 anos nesta sexta (15), André Abujamra veio à "TV Folha" explicar por que o disco se chama "O Homem Bruxa" e filosofar sobre candomblé, um casal de moradores de rua que o emocionou, direitos autorais e música. Também falou sobre suas bandas – Os Mulheres Negras e Karnak – e mostrou o vídeo que gravou de seu pai, inédito, lendo o texto de "Espelho do Tempo".


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