Folha de S. Paulo


Após acusação de racismo, grupo decide mudar maquiagem de peça

Após críticas em redes sociais, o diretor da companhia Os Fofos Encenam, Fernando Neves, disse que não irá mais usar máscaras negras em suas peças, em particular em "A Mulher do Trem" (2003), acusada de racismo na última semana.

A afirmação foi feita no debate Arte e Sociedade: a Representação do Negro, realizado nesta terça-feira (12), no Itaú Cultural, que substituiu uma sessão de "A Mulher do Trem" que aconteceria no espaço.

Após a criação de um evento no Facebook que pedia repúdio à peça pelo uso de blackface -maquiagem de rosto preta, disseminada no século 19, que representa personagens negros-, o grupo e a instituição decidirem cancelar a sessão e realizar um debate no lugar.

No bate-papo, Neves comentou que a montagem -baseada em um texto francês do século 19, sobre uma família de classe média- usa uma linguagem de circo e que todos os personagens têm maquiagens exageradas.

Como a máscara causou reações negativas, Neves afirmou que o grupo decidiu não mais usá-la em seus trabalhos.

A estudante de arquitetura da PUC-Campinas Stephanie Ribeiro, 21, criadora do evento no Facebook e integrante do site Blogueiras Negras, disse que "o problema não é a peça, é a visão das pessoas brancas sobre nós [negros]".

À Folha, Neves afirmou que a intenção, na montagem, não era usar uma linguagem racista ou do blackface tradicional, mas evidenciar uma linguagem popular de circo.

"A mensagem não era essa, mas se ela [a máscara] está sendo vista como racista, ela está errada e deve sair de cena."

Divulgação
Atores do grupo Os Fofos encenam usam maquiagem blackface na peça "A Mulher do Trem"
Atores do grupo Os Fofos encenam usam maquiagem blackface na peça "A Mulher do Trem"

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