Folha de S. Paulo


'Sticky Fingers', dos Rolling Stones, é relançado com material inédito

bitch

Em 1971, um LP chegou às lojas com um zíper na capa. Um zíper de verdade, igual a esses vendidos em armarinhos. Numa situação de emergência, era possível rasgar a capa e usar o zíper no lugar do que quebrou na calça.

A foto mostrava os quadris de um homem vestindo jeans apertado, que deixava o volume do pênis realçado, e a abertura do zíper exibia uma capa interna, com a foto do sujeito de cuecas. Era possível, literalmente, despir a capa.

David Montgomery/Divulgação
Mick Jagger em foto promocional do disco
Mick Jagger em foto promocional do disco "Sticky Fingers"

Para bancar uma coisa dessas –e manter o preço normal de um LP nas lojas– é preciso ser maluco. Ou fazer parte dos Rolling Stones.

"Sticky Fingers", o nono álbum de estúdio dos Stones, vendeu um milhão e meio de cópias pelo planeta nos primeiros dois meses. E muito fã se arrependeu de não ter comprado, depois que edições posteriores do disco não trouxeram mais o zíper, por clara contenção de despesas.

Colocando de lado a ideia do zíper, do artista plástico Andy Warhol –que nas primeiras prensagens do disco incluiu também uma fivela–, "Sticky Fingers" é o melhor álbum dos Stones. Alguns preferem "Beggars Banquet" (1968) ou "Exile on Main St." (1972), mas a maioria vence.

Quem ainda não o conhece (quem?) pode se converter com a nova e ampliada reedição do álbum que começa a ser vendida no dia 9 de junho. A versão sai em LP e CD duplo.

O primeiro disco traz o álbum original, com dez faixas. O segundo tem versões alternativas de cinco músicas do LP —os Stones já soltaram "Bitch", mais longa e encorpada (veja abaixo)— e outras cinco gravadas no show que a banda fez em 14 de março de 1971, na casa londrina Roundhouse.

Sugar

Há várias razões para se destacar "Sticky Fingers". É o primeiro disco que a banda lançou por seu próprio selo, com o hoje famosíssimo logo da boca com a língua para fora. Traz a primeira grande contribuição musical do exímio guitarrista Mick Taylor, que substituiu o Stone fundador Brian Jones, morto em 1969. E tem o repertório mais equilibrado que a banda já gravou com seus três modelos básicos: rock, blues e balada.

Um exemplo impecável de cada: "Brown Sugar" (veja abaixo), rock rasgado de letra ambígua; "I Got the Blues"; e "Wild Horses", balada de cortar o coração.

Além disso, o disco trouxe a primeira letra roqueira explícita sobre drogas, "Sister Morphine". Realmente foi muita coisa nova de uma vez.

CURIOSIDADES DO DISCO:

A CAPA
Andy Warhol idealizou a capa. Mas quem fez a foto foi Billy Name, fotógrafo que frequentava o estúdio Factory, QG de Warhol nos anos 1960. E o modelo não é Mick Jagger, outra lenda que se espalhou. Na capa está Joe Dalessandro, "muso" de Warhol.

Reprodução
Capa do álbum
Capa do álbum "Sticky Fingers", lançado pelos Rolling Stones em 1971

A LÍNGUA
Primeiro disco da gravadora aberta pelos Stones, "Sticky Fingers" foi a estreia do famoso logo da língua que marcaria a banda inglesa para sempre. Foi criado por Ernie Cefalu, mas o desenho final é de John Pasche.

John Pasche
Logotipo da boca dos Rolling Stones
Logotipo da boca dos Rolling Stones

O NOVATO
Mick Taylor tinha 20 anos quando entrou para os Stones em 1969. E com ele a banda gravou suas melhores guitarras. "Sticky Fingers" foi seu primeiro disco "completo" na banda. No anterior, "Let It Bleed", só participou em duas faixas.

Divulgação
O guitarrista Mick Taylor, dos Rolling Stones, em 1969
O guitarrista Mick Taylor, dos Rolling Stones, em 1969

STICKY FINGERS - DELUXE EDITION
ARTISTA Rolling Stones
GRAVADORA Polydor
QUANTO de R$ 55 a R$ 455, na internet, a partir de 8/6


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