Folha de S. Paulo


Aos 77, Jane Fonda é estrela de nova comédia da Netflix

Grace and Frankie

Nenhuma estrela de cinema se reinventou tanto quanto Jane Fonda. Ela surgiu na década de 1960 como uma promessa gerada pelo pai, o ator Henry Fonda (1905-1982), foi heroína de adaptação de gibi ("Barbarella") 40 anos antes de o gênero virar moda, tornou-se ativista pela paz e pelo meio ambiente, ganhou dois Oscar e, nos anos 1980, ficou conhecida por vídeos de ginástica para mulheres.

Aos 77, Fonda não para de experimentar. Depois de tomar gosto por séries de TV, com pontas em "The Newsroom", a atriz protagoniza a comédia "Grace e Frankie", que estreia nesta sexta (8), no serviço de vídeo sob demanda Netflix.

"É um saco ficar pensando no passado", dispara ela em entrevista à Folha. "Estou no presente, então devo pensar no que fazer para ficar ativa. Como funcionam as redes sociais, por exemplo? Sou uma eterna estudante e quero aprender. Conheço muita gente [mais velha] que não quer se adaptar, então ficam presas no mesmo patamar na vida."

Divulgação
Lily Tomlin, June Diane Raphael and Jane Fonda in the Netflix Original Series
As atrizes Lily Tomlin, June Diane Raphael e Jane Fonda na série 'Grace e Frankie', que estreia na sexta no Netflix

Na série, escrita por Marta Kauffman, criadora de 'Friends', ela divide a cena com a comediante Lily Tomlin, 75, com quem trabalhou em "Como Eliminar Seu Chefe" (1980).

Fonda interpreta Grace, uma mulher que precisa lidar com a revelação que seu marido (Martin Sheen) é gay.

Ele deseja o divórcio para se casar com o melhor amigo (Sam Waterston), que também se separa da mulher, Frankie (Tomlin), uma riponga que não suporta Grace, mas precisa dividir o teto com ela.

Fonda, que foi casada três vezes, diz que a situação não é tão ficcional. "Meu Deus, eu pensei que Warren Beatty era gay quando fiz meu primeiro teste para um filme. Ele se esforçava tanto", diverte-se ela, lembrando de quando tentou um papel em "No Vale das Grandes Batalhas" (1961) e emendou um caso com o galã Beatty. "Ele ainda pode ser gay", diz Tomlin, para ouvir a resposta certeira: "Precisaria ser um armário bem fundo."

A tirada sarcástica resume o estilo de humor de Jane Fonda: frases pontuais, muitas vezes autodestrutivas, mas sempre com um tom sério.

"Feminismo é dizer que queremos nos tornar um ser humano completo, com direitos e oportunidades iguais. Não apenas ir contra os homens. A maioria dos meus amigos é feminista", diz ela. "Mas não posso falar o mesmo dos meus ex-maridos."

A atriz diz que a série da Netflix acende um alerta para as mulheres que "precisam ter um certo tipo de homem para dar certo na vida."

"Foi como vivi por muitos anos da minha vida. Sentia que, se não estivesse casada com um macho alfa, não teria uma validade", conta Fonda, que vê na candidatura de Hillary Clinton à presidência dos EUA, em 2016, uma esperança na luta pelos direitos das mulheres.

"[A vitória] é provável. Mas não é bom dizer que é inevitável. Precisaremos trabalhar duro e aparecer para votar. Quem sabe isso leve à igualdade de salários", comenta.

"Difícil imaginar trabalho mais duro que ser mãe, criar adolescentes e cuidar do marido e da casa. Deveria ser um trabalho pago. Mas as mães devem encorajar suas filhas a ganhar o próprio dinheiro e ter habilidades profissionais, porque nunca sabemos o que a velhice pode trazer."

NA INTERNET
"Grace e Frankie"
ESTREIA sex. (8), na Netflix


Endereço da página: