Folha de S. Paulo


Dzi Croquettes retoma choque e a afronta, mas fala ao presente

O diretor e mestre de cerimônias Ciro Barcellos proclama em cena, sério, que terminou a era do tropicalismo. À frente, um de seus jovens atores dá por sonho agora o "teatro musical brasileiro".

Mas "Dzi Croquettes em Bandália", que teve três apresentações no teatro João Caetano, em São Paulo, ainda não completou a passagem da tropicália, da qual o grupo foi uma das expressões mais fortes, para o musical.

Está mais para teatro de revista, com um fiapo de história e uma sequência de quadros musicais e cômicos, com tiradas sobre comportamento e política.

Impressiona pelo preparo do elenco, tanto para interpretação quanto para dança e canto, com diferenças de alcance de voz, mas precisos. São vigorosos, empolgantes, inclusive Barcellos, remanescente do original.

Seria esta, segundo relatos, uma das características de 1972: seu profissionalismo então inusitado, devido em grande parte ao coreógrafo americano Lennie Dale, cria da Broadway. O que não tem neste Dzi Croquettes –e foi a sua marca– é a afronta, o choque. A ditadura no auge se viu diante de 13 homens travestidos, num espetáculo engraçado e de sucesso.

Qualidades que retornam, mas o ambiente agora é mais acolhedor. A fila para ingresso grátis, no teatro público, dobrou o quarteirão –e quase todos voltaram, pois a sala de 436 lugares já tinha gente pelos corredores.

Feitas as ressalvas, "Bandália" fala ao presente. A trilha eletrônica com DJ ao vivo, a partir de hits brasileiros e gêneros diversos, até rap, não olha para trás e acompanha o elenco jovem de Udylê Procópio e outros.

Os figurinos de Cláudio Tovar são debochadamente tropicalistas, mas nada têm de datados nas referências. No comando dentro e fora do palco, Barcellos é inteligente, antenado, e seu espetáculo, complexo.

DZI CROQUETTES EM BANDÁLIA


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