Folha de S. Paulo


Jennifer Aniston se desfigura no drama 'Cake'

No mundo da televisão, séries clássicas como "Arquivo X" e "Três é Demais" estão sendo ressuscitadas após anos de inatividade. Mas o retorno de "Friends", uma das sitcoms mais amadas da TV moderna, não deve acontecer. Pelo menos é o que garante a atriz Jennifer Aniston, uma das protagonistas do programa encerrado em 2004.

"Temos 'Friends' em todo canto, em canais abertos e na Netflix [serviço de vídeo sob demanda]. Não acredito que as pessoas precisem ver os amigos velhos", brinca a dona do papel de Rachel Green. "Nos deixem jovens, bonitinhos e adoráveis nas reprises. É o suficiente."

Um revival semelhante iria contra tudo o que Aniston, 46, está procurando para sua carreira como atriz, que parece deixar as comédias hollywoodianas de lado para focar dramas independentes.

Divulgação
Jennifer Aniston vive personagem que enfrenta o luto e as cicatrizes em 'Cake
Jennifer Aniston vive personagem que enfrenta o luto e as cicatrizes em 'Cake'

É o caso de "Cake: Uma Razão para Viver", que estreia nesta quinta-feira (30) no Brasil após ter rendido à interprete sua primeira indicação ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz de longa dramático –ela já venceu como melhor atriz de série cômica por "Friends".

DOR

No filme, ela interpreta uma mulher que precisa lidar com uma perda após um acidente de carro. Carregando um sentimento de culpa refletido não apenas na depressão diária, mas em uma dor física que a deixa com movimentos limitados e cicatrizes na face.

"Ela não é uma pessoa agradável, mas está vulnerável e sua dor reflete o desejo de nunca esquecer o que aconteceu", conta em entrevista à Folha a atriz, que teve quase dois meses de preparação intensa. "Eu precisava ler três páginas por vez do roteiro com o Daniel [Barnz, o diretor], porque não conseguia parar de chorar."

Bombardeada de forma constante e implacável desde o fim do casamento em 2005 com Brad Pitt –que emendou em seguida um namoro com Angelina Jolie, com quem ele se casou e teve filhos–, Jennifer Aniston diz que precisou "exercitar o coração partido" para alcançar a carga dramática de "Cake".

"Todos nós podemos nos relacionar com luto. Já tive de lidar com perda de alguma maneira, mas graças a Deus não tão extrema quanto a do filme."

FILÉ-MIGNON

Uma personagem tão pesada é o sonho de uma atriz em busca de reconhecimento artístico, mas pode ser o pesadelo de agentes e empresários. "Eles não queriam que eu fizesse o filme", revela Aniston.

"Havia outra comédia romântica no meu caminho na época, mas disse 'por favor, eu preciso fazer esse antes', porque estava pronta. Eu podia errar ou acertar. Mas acho que tomei a decisão correta."

Ela não apenas conseguiu o papel, mas tornou-se produtora de "Cake", que custou apenas US$ 7 milhões –a comédia "Quero Matar Meu Chefe", que ela fez três anos, antes, por exemplo, teve um custo de US$ 35 milhões.

"Um filme pequeno é mais especial, porque temos anjos da guarda que apoiam e não um estúdio. Scott Stoddard, que fez a maquiagem de 'Piratas do Caribe', criou minhas cicatrizes quase de graça", explica a atriz.

"O longa é anti-estúdio. Não fizemos testes com público. O diretor rodou sem ninguém mandar bilhetes com 'não entendi o que aconteceu' ou 'por que ela é tão triste?'. É lindo poder contar a história da maneira que desejamos."

Apesar dessa liberdade no cinema independente, Jennifer Aniston diz que "precisa jogar o jogo" de Hollywood, que a vê mais como estrela de comédias como "Família do Bagulho" (2013).

"Entendo que algumas fórmulas funcionam", admite ela. "Há algumas que rendem centenas de milhões de dólares e outras apenas trocados. Mas umas pessoas gostam de arte, outras de explosões. Assim como há momentos em que desejamos comer um hambúrguer do McDonald's e, outras vezes, em queremos um filé-mignon."

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