Folha de S. Paulo


Série de Fernando e Quico Meirelles recupera a força da velhice

A série "Os Experientes", sobre a velhice, foi ideia de um diretor de apenas 25 anos, Quico Meirelles. "Sempre foi um tema de que gostei muito. É o lugar para onde todos iremos, então me instiga", diz ele. A atração estreia nesta sexta (10) à noite na Globo.

Quico levou a ideia ao pai, o cineasta Fernando Meirelles, 59, que embarcou com ele no projeto de quatro episódios. Cada capítulo, de aproximadamente 40 minutos de duração, traz uma história independente, com elenco diferente e apenas o tema da terceira idade em comum.

"A ideia sempre foi essa, para aproveitar esses atores clássicos de televisão que quase não fazem protagonistas", diz. Entre os nomes da produção estão Juca de Oliveira, 80, Lima Duarte, 85, Selma Egrei, 66, e Othon Bastos, 81.

Sobre o trabalho com o elenco da velha guarda da Globo, Quico diz que foi "uma experiência incrível". "Meu pai falou uma coisa que é bem verdade: se você pegar qualquer um desses atores e somar o número de horas que ele passou em sets de filmagem, é cinco vezes mais que eu e ele juntos", brinca.

Zé Paulo Cardeal/Globo
Beatriz Segall no primeiro episódio da série
Beatriz Segall no primeiro episódio da série "Os Experientes", da Globo

O primeiro episódio, escrito por Antonio Prata, colunista da Folha, é protagonizado por Beatriz Segall, 88, que se torna refém de um assalto a banco. Ao longo da trama, a mulher que parecia frágil e indefesa vai revelando outras facetas e sua força.

"Queria falar sobre como o fato de ser velho toma, aos olhos dos mais jovens, completamente a identidade do indivíduo", diz Prata.

"As pessoas falam: 'Eu estava com um engenheiro, um ator e um velho'. Fui a uma festa em que estava a avó de uma amiga e as pessoas não a viam. Entravam, cumprimentavam os jovens e passavam reto pela velha."
estereótipos

Na história de Prata, a personagem de Beatriz começa como uma "velha estereotipada", que sai da inexistência completa para ganhar força e trocar de posição com o assaltante, papel de João Cortês -o ruivo da propaganda da operadora Vivo.

"A modernidade trocou a chave da velhice pela juventude. E é uma troca muito imbecil", reflete Prata. "O foco está entre os 20 e os 30. Pensando assim você teria 20 anos de tranquilidade e 60 de tristeza na vida."

O segundo capítulo tem uma pegada mais musical, focado em quatro amigos músicos na terceira idade, que tentam recomeçar a carreira após a morte de um deles.

Em outro episódio, Selma Egrei é Francisca, uma mulher amarga que, depois de cuidar por cinco anos do marido doente, fica viúva e passa por uma reviravolta.

Para a atriz, existe uma busca cada vez mais desesperada pela poção mágica da eterna juventude. "É uma questão de maturidade emocional, viver o seu momento seja ele qual for, da infância à velhice", afirma ela.

O tema amplo permitiria novas temporadas da série, mas Quico desconversa. "Aí já não sei! Não cabe a mim decidir. Mas a esperança é a última que morre", diz, rindo.

"Eu adoraria fazer mais episódios, com atores diferentes. Mesmo que você não esteja na terceira idade, tem um pai, ou um avô. São dramas muito humanos, o que aproxima o espectador -quero acreditar", afirma.

NA TV
Os Experientes
Estreia da série
QUANDO sexta-feira (10), às 23h15, na Globo


Endereço da página: