Folha de S. Paulo


Série de criador de 'Sex and the City' evidencia lésbicas na TV

Enquanto o beijo de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg na novela da Globo "Babilônia" causa polêmica, nos EUA as séries acomodam cada vez mais lésbicas.

Na quarta (1º), Darren Star, criador de "Sex and the City", lançou "Younger", sobre Liza, mulher de 40 anos que tenta se "encaixar" numa Nova York que privilegia os jovens. Estimulada pela melhor amiga, lésbica, papel de Debi Mazar, ela se passa por uma mulher de 26 anos e sofre para manejar o iPhone e esconder o fato de que desconhece Justin Bieber.

Uma semana antes, a NBC exibiu "One Big Happy", produzida pela apresentadora Ellen DeGeneres. É a primeira vez que um canal aberto nos EUA tem uma protagonista lésbica desde o fim de "Ellen" (1998) com DeGeneres.

Hoje, na TV, mulheres homossexuais são tão presentes quanto homens. Elas estão em "Grey's Anatomy", "Glee", "The Good Wife", "Ray Donovan","Orange Is the New Black" e "House of Cards", entre outras.

Divulgação
Debi Mazar (esq.) e Sutton Foster na série
Debi Mazar (esq.) e Sutton Foster na série "Younger"

O muro para as mulheres foi derrubado em 1997 por DeGeneres. O episódio de "Ellen" em que a protagonista sai do armário foi assistido por 35 milhões de pessoas.

Passada a euforia, a realidade: um tsunami conservador pediu o fim da produção. A audiência despencou e, um ano mais tarde, veio o natural cancelamento.

A atriz Laura Dern, objeto de desejo de Ellen no seriado, disse que passou um ano sem conseguir trabalho, entrando para uma espécie de lista negra da televisão.

"Will & Grace", que tinha um protagonista abertamente gay, chegou em 1998, ficou oito anos no ar e pavimentou de vez a estrada dos gays na TV. "Você se sente muito sozinho quando não vê ninguém parecido com você na TV", diz Monica Trasandes, diretora da organização GLAAD (aliança de gays e lésbicas contra a difamação, na sigla em inglês) à Folha.

"É muito importante ter diversidade e incluir personagens LGBT, minoriais étnicas e outros que ficam frequentemente invisíveis em nossa sociedade", afirma.

Segundo ela, a ABC, canal que cancelou "Ellen", é o que mais colabora atualmente com a causa. "Personagens como Emily e Paige, de 'Pretty Little Liars', fizeram com que a ABC recebesse a categoria 'excelente' no relatório anual do GLAAD."

Trasandes conta que começou a acompanhar a repercussão de "Babilônia" com interesse. "É maravilhoso a inclusão de um casal lésbico e que Fernanda interprete uma delas. O que segura o público é uma boa história, não orientação sexual."


Endereço da página: