Folha de S. Paulo


Björk expõe fim de relacionamento em novo CD, 'Vulnicura'; leia entrevista

Nem os grandes artistas estão imunes a terem o coração partido. É o que confirma "Vulnicura", mais recente disco da cantora islandesa Björk.

Catalisado pelo fim do relacionamento entre a islandesa e o artista americano Matthew Barney no fim de 2013, "Vulnicura" narra o começo, meio e fim de um romance e o processo de cura após a separação.

"[As músicas] são a documentação de uma relação desmoronando", conta Björk à Folha, antes de se referir ao trabalho como uma "saga do coração partido".

Com lançamento oficial previsto para o começo de março, o disco vazou na internet três dias após ser anunciado na página da artista no Facebook, em janeiro, e a obrigou a adiantar em quase dois meses o planejamento inicial.

Sorte dos fãs que antes do previsto puderam imergir no denso e personalíssimo universo do álbum, nomeado a partir de expressão em latim que significa "aquele que carrega um ferimento".

Mike Segar - 18.mar.2015/Reuters
Björk durante show de 'Vulnicura' no Kings Theater, no Brooklyn, em Nova York
Björk durante show de 'Vulnicura' no Kings Theater, no Brooklyn, em Nova York

O LP nasceu em parceria com o produtor venezuelano Alejandro Ghersi, conhecido como Arca, que já trabalhou com o rapper americano Kanye West e a inglesa FKA Twigs.

"Ele queria trabalhar comigo e era a hora perfeita pra mim. Ele veio até a Islândia e algo muito mágico aconteceu", relembra, com animação. A dupla funcionou tão bem, diz, que todo o processo acabou sendo natural. "Antes que a gente pudesse perceber, tínhamos o disco inteiro ali, foi muito rápido. Uma das melhores colaborações que eu tive", se derrete.

CELEBRAÇÃO DA CARREIRA

Acostumada ao rótulo de vanguardista e conhecida pela experimentação, Björk não esconde que tem dificuldades para olhar para o passado, o que fez com que ela recusasse por anos o convite do renomado Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, para que concebesse uma exposição que viajasse por toda sua carreira solo, iniciada em 1993.

No entanto, após insistência da instituição nova-iorquina, ela finalmente resolveu ceder. "Eu acho que foi o meu amigo Antony Hegarty (Antony and the Johnsons) que me disse que eu deveria fazer isso pelo som, que eu deveria fazer isso pelas mulheres. Então foi por essas razões [que decidi aceitar]."

Dessa forma, desde 8 de março, está aberta a mostra em quatro ambientes distintos do MoMA. Segundo a islandesa são "quatro formas diferentes de tentar se tornar sônico em um museu".

O espetáculo tem como carro-chefe o vídeo produzido para "Black Lake", música do último disco, e passa por todos os clipes da carreira da cantora, esculturas e roupas usadas por ela. Todos os itens são produções de outros artistas, fato que tem causado polêmica entre a crítica especializada norte-americana (entenda o caso ).

3.mar.2015/Efe
Imagem do vídeo 'Black Lake', do álbum 'Vulnicura', da cantora Björk
Imagem do vídeo 'Black Lake', do álbum 'Vulnicura', da cantora Björk

Recentemente, um livro com o título de "Björk: Archives" também foi lançado. Escrito em parceria com Klaus Biesenbach, curador do MoMA (leia entrevista com ele ), e inspirado na exposição, o escrito funciona como retrospectiva através de imagens, poesia e textos filosóficos.

A exposição ficará no MoMA até o dia 7 de junho, mas Björk deixa escapar que ela pode se aproximar do Brasil no futuro. "Eu acho que essa exposição vai a algum lugar na América do Sul, ainda estamos resolvendo".

A Folha apurou com a produção de Björk que as negociações iniciais são para que a exposição venha à região no segundo semestre de 2016.

Veja abaixo o clipe de "Lionsong", canção de "Vulnicura":

"Lionsong"


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