Folha de S. Paulo


Mostra em São Paulo recebe destaques do acervo do Instituto Inhotim, de MG

Veja vídeo

Num primeiro olhar, a seleção de obras do Instituto Inhotim, o megamuseu nos arredores de Belo Horizonte, agora exposta no Itaú Cultural, poderia ser encarada como o "lado B", menos monumental e grandioso, da coleção que se espalha pelos pavilhões construídos na mata mineira.

Mas não é o caso. Na primeira mostra do Inhotim fora de Minas Gerais, está um alicerce das ambições do acervo. Estão ali obras de Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica, os heróis do neoconcretismo, como tripé conceitual que sustenta um diálogo entre artistas brasileiros e estrangeiros, históricos e contemporâneos.

Uma das salas mais poderosas da mostra tem obras de Jac Leirner, com seus cinzeiros de avião e cartões de embarque, diante de esculturas minimalistas do argentino David Lamelas e da norte-americana Channa Horwitz.

"São artistas que já vinham questionando a geometria", diz Rodrigo Moura, diretor artístico do Inhotim. "Na mostra, artistas contemporâneos ressignificam períodos históricos."

Outro embate entre tempos opõe um vídeo de Cinthia Marcelle, em que um caminhão de bombeiro dá voltas em círculo apagando um incêndio inexistente, e fotos da ação dos anos 1970 em que Artur Barrio espalhou trouxas ensanguentadas de carne por um bosque em Belo Horizonte, uma alusão à violência da ditadura.

No subsolo, um vídeo do espanhol Daniel Steegmann-Mangrané serve de síntese da mostra —é um passeio em linha reta por uma floresta que vira reflexão sobre o que ver e o que ignorar no labirinto que é um museu.

DO OBJETO PARA O MUNDO
QUANDO abre hoje (1º), às 20h; de ter. a sex., das 9h às 20h; sáb. e dom., das 11h às 20h; até 31/5
ONDE Itaú Cultural, av. Paulista, 149, tel. (11) 2168-1776
QUANTO grátis

Fotografia: ISADORA BRANT | Edição: GIOVANNI BELLO


Endereço da página:

Links no texto: