Folha de S. Paulo


Crítica: Apesar de ter ótimo elenco, longa se perde em banal dinâmica televisiva

Baseado no conto "Corpo Fechado", de Guimarães Rosa, "Meus Dois Amores", dirigido por Luiz Henrique Rios, narra a história de Manuel (Caio Blat), humilde vaqueiro que ama, com a mesma intensidade, a mulher, Das Dô (Maria Flor), e a mula Beija-Fulô.

O evidente problema que isso causa em seu casamento é pouco perto dos problemas que Manuel enfrenta após vender um cavalo trôpego para o matador Capitão Targino (Alexandre Borges), que é a caricatura da maldade, além de típica figura do imaginário rural brasileiro.

Divulgação
Cena do filme
Cena do filme "Meus Dois Amores"

Fiel, de certo modo, ao mundo retratado por Guimarães Rosa, "Meus Dois Amores", por vezes, encontra o tom certo entre a ingenuidade e a esperteza, a brejeirice e a sofisticação formal.

No elenco, também temos Lima Duarte, Vera Holtz, Ana Lúcia Torre, Milton Gonçalves, Julio Adrião, Fabiana Karla e Guilherme Weber (em bom momento): é meio caminho andado.

O problema é que a direção não consegue percorrer a outra metade do caminho. O artificialismo de suas imagens, com cores e cenários compostos para serem vistos em televisores modernos, é sem dúvida um ingrediente complicador na equação.

O filme parece mais berrar um discutível virtuosismo, com câmera e montagem na mais banal dinâmica televisiva, do que interessado em entender esse universo para além da fidelidade descritiva.

Nesse registro meio infantilizado, surpreendem algumas cenas de violência intensa com o Capitão Targino –Borges compõe um vilão assustador, que nos mantém interessados até o final.

MEUS DOIS AMORES
DIREÇÃO Luiz Henrique Rios
ELENCO Caio Blat, Maria Flor e Alexandre Borges
QUANDO em cartaz
PRODUÇÃO Brasil, 2012, 12 anos
AVALIAÇÃO regular


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