Folha de S. Paulo


Exposição no Museu de Londres celebra Sherlock Holmes

Uma exposição fascinante no Museu de Londres capitaliza a obsessão por Sherlock Holmes que parece ter-se difundido no mundo ocidental, a julgar pela nova onda de filmes, séries de televisão e livros.

A exposição "Sherlock Holmes: The Man Who Never Lived and Will Never Die" [Sherlock Holmes: o Homem que nunca existiu e jamais morrerá] não enfoca as histórias sobre Holmes ou seu criador, Arthur Conan Doyle.

"Ela é sobre o personagem", esclareceu Alex Werner, seu principal curador, "e, embora eu tenha hesitado um pouco em montar uma exposição sobre um ser fictício, nós tentamos enquadrá-lo na cidade real de Londres, onde suas histórias são ambientadas."

A exposição mostra claramente como Holmes se tornou indissociável da própria imagem da cidade. Desde a casa do detetive, na 221B Baker Street, ao mapa que ele guardava em sua mente e às ruas enevoadas, iluminadas por lampiões a gás, Londres é uma personagem palpável, evocada por meio de pinturas, fotografias e filmes de arquivos.

"Pont de Londres", a versão pintada por Claude Monet em 1902 da Charing Cross Bridge, está na mostra, assim como gravuras de Whistler e outras peças que evocam a cidade no final do século 19, além de uma coleção de fotogravuras esfumadas do americano Alvin Langdon Coburn.

A exposição traz as ilustrações originais de Sidney Paget que deram ao personagem os traços fisionômicos angulosos e a boina de caçador. As imagens, com os contos, foram publicadas na "The Strand Magazine" e catapultaram Conan Doyle e seus personagens para a fama. Paget fez cerca de 350 ilustrações do detetive entre 1891 e 1904, mas, ao que consta, restam apenas 27. Oito estão à mostra na exposição, que fica em cartaz até 12 de abril.

"Duvido muito que algum dia tantas ilustrações e documentos originais sejam reunidos novamente", disse Roger Johnson, do periódico da Sherlock Holmes Society of London, clube fundado em 1951 que atualmente tem 1.200 membros de diversos países.

Um Estudo em Vermelho
Arthur Conan Doyle
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Conan Doyle, cujo primeiro livro de Sherlock Holmes, "Um Estudo em Vermelho", foi publicado em 1887, ficou surpreso com o êxito do personagem e poderia se surpreender ainda mais com a atenção que recebe nos dias de hoje.

"Mr. Holmes" estreou no mês passado no Festival Internacional de Cinema de Berlim, estrelado por Ian McKellen; houve ainda os filmes de Sherlock Holmes interpretados por Robert Downey Jr. e duas séries de televisão —"Sherlock", da BBC, e "Elementary", da CBS. Anthony Horowitz ganhou permissão oficial do espólio de Conan Doyle para escrever um romance com Holmes, "A Casa da Seda" (2011), e seu "Moriarty" foi lançado em dezembro.

"A fascinação atual realmente tem algo de especial", disse Werner. "Há paralelos entre a vida contemporânea e a Londres do final do século 19, quando as pessoas se esforçavam para achar sentido em um mundo em mutação. Havia o telégrafo, o cinema, a aceleração do cotidiano, e acho que hoje estamos passando por algo semelhante. É preciso assimilar coisas em demasia, e Holmes é um personagem que consegue entender tudo com mais clareza do que nós."


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