Marina Abramovic é uma das artistas mais importantes da segunda metade do século 20 e início do 21. Sua relevância está não só nas performances radicais dos anos 1970, mas por conseguir ao longo de décadas manter o corpo como seu tema essencial.
A mostra "Terra Comunal" representa um novo patamar em sua carreira. A radicalidade agora pertence ao outro, seja o público ou os artistas.
Estão lá, é verdade, registros de trabalhos que dão uma perspectiva de sua obra: desde suas primeiras performances, como "Rhythm 5", feita em sua terra natal, Belgrado (Sérvia), em 1974; passando por "Os Amantes", de 1988, quando caminha pela muralha da China por 90 dias para anunciar o fim de seu relacionamento com Ulay, após 12 anos juntos; até suas ações recentes, caso de "512 Horas", feita em Londres em 2014. Tudo isso já seria suficiente para atestar sua importância.
| Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
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| A artista servia Marina Abramovic |
Como artista que gosta de risco, ela ainda convidou oito brasileiros para realizarem performances de longa duração, uma ação generosa, como mostra seu "Método Abramovic", coração da exposição.
Por duas horas e 30 minutos, o público é convidado a se desligar do mundo. É preciso deixar celulares e relógios em armários. Depois, Abramovic surge em TVs para dar instruções, que parecem transmissões esotéricas da Iniciativa Dharma, da série de TV "Lost".
Então, começa a experiência. Achei que caminhar lentamente seria constrangedor, assim como sentar em cadeiras ou deitar em mesas forradas de cristais. Foi muito bom.
Impossível não lembrar das sessões de Lygia Clark (1920-1988) com seus objetos relacionais, só que agora em uma situação coletiva, com mais 90 pessoas. Ambas, no fim, buscam a mesma coisa: transformar o mundo a partir do corpo de cada um.
TERRA COMUNAL: MARINA ABRAMOVIC + MAI
ONDE Sesc Pompeia, r. Clelia, 93, tel. (11) 3871-7700
QUANDO ter. a sáb., das 10h às 21h; dom., até às 19h; até 10/5
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO ótimo