Folha de S. Paulo


Mostra de Teatro de SP começa 2ª edição maior e tentando resolver filas

A segunda edição da MITsp (Mostra Internacional de Teatro de São Paulo) começa nesta sexta (6) com a intenção, por parte dos organizadores, de sanar o problema das longas filas da edição passada.

Em 2014, o festival recebeu 14 mil pessoas. Neste ano, espera 16 mil. O que pode ser visto como sucesso, contudo, foi também seu ponto fraco e objeto das maiores críticas.

No ano passado, com todos os ingressos gratuitos, houve quem esperasse até dez horas para pegar o bilhete (distribuído uma hora antes de cada sessão) e muitos não conseguiram entrar.

Agora, as medidas para evitar o problema foram cobrar ingressos para a maioria das sessões, mesmo que a preços populares (R$ 20), e vendê-los antecipadamente na internet. Mas várias atrações já estão esgotadas.

Outra novidade é o maior número de apresentações e endereços. As peças terão de três a cinco sessões em dez espaços (veja mapa abaixo).

Editoria de arte/Folhapress

O crescimento da mostra, segundo seu diretor artístico, Antonio Araújo, foi mais qualitativo que quantitativo. "A ideia não é ter 'trocentos' espetáculos. Tentamos montar a grade para que quem quiser acompanhar a mostra do início ao fim possa ver tudo."

Ainda assim, o número de peças aumentou menos do que a expectativa da organização, subindo de dez para 12. "Queríamos chegar a 15, mas, com a crise econômica e cambial, tivemos que lidar com a verba no limite", diz Araújo.

TEMAS CONCRETOS

A MITsp começou em 2014 com a proposta de resgatar festivais do passado paulistano, em especial aquele promovido pela atriz Ruth Escobar entre 1974 e 1999. O Festival Internacional de Teatro de Ruth apostava em montagens bastante experimentais e influenciou artistas do calibre do diretor Antunes Filho.

"O modelo de festivais tem sido questionado, mas o sucesso [da primeira MITsp] mostrou que ele cumpre uma função. É um espaço de concentração, 'cria faísca' para a criação teatral", diz Araújo.

Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Rudifran Pompeu, além de proporcionar uma movimentação cultural importante, a mostra vem ocupar um espaço de reflexão e de intercâmbio entre as produções nacionais e estrangeiras.

"Acho ela que renova um pouco a cena [teatral], até para fazermos uma crítica [do que se produz aqui e lá fora]."

Na opinião do diretor Zé Celso Martinez Corrêa, o festival trata de "assuntos concretos de uma forma nova. São temas que interessam, coisas que estão pulsando".

Editoria de arte/Folhapress

A curadoria desta edição se concentra em três eixos temáticos. O primeiro, que abrange zonas de conflito, é explicitado no israelense "Arquivo", de Arkadi Zaides, que usa filmagens de palestinos na Cisjordânia ocupada por judeus. E no russo "Opus nº 7", de Dmitry Krymov, sobre a perseguição de judeus soviéticos no regime de Stálin.

A segunda vertente é a adaptação, bem contemporânea, de textos clássicos, caso de "A Gaivota", do russo Yuri Butusov, baseado na obra de Anton Tchékhov (1860-1904).

Já o grupo alemão Schaubühne traz "Senhorita Julia", inspirado no texto de August Strindberg (1849-1912). A peça também esbarra no último eixo da MITsp: a aproximação entre teatro e cinema.

O encontro entre as áreas é um dos elementos principais de "E se Elas Fossem para Moscou?" e "Julia", de Christiane Jatahy, as únicas montagens brasileiras na programação.

Colaborou Nelson de Sá, de São Paulo


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