Folha de S. Paulo


MoMA abre mostra para exotismo de Björk

Quinze anos se passaram desde que o curador do MoMA, Klaus Biesenbach, iniciou sua jornada para tentar convencer a cantora islandesa Björk a aceitar a ideia de ter uma retrospectiva criada para o museu, em Nova York.

Ao finalmente aceitar, em 2012, a artista impôs a ele uma condição. "Ela me disse: 'Eu sou, primeiro e principalmente, música. É possível para o MoMA fazer uma exposição em que a música seja uma experiência autêntica, como uma pintura é?", conta o curador.

O resultado do desafio pode ser visto a partir deste domingo (8), na mostra que reconta os pouco mais de 20 anos da carreira de Björk, 49, desde o lançamento de seu primeiro álbum solo "Debut" de 1993, até seu último trabalho, "Vulnicura", lançado em janeiro deste ano.

Divulgação
Cena do clipe de
Cena do clipe de "Black Lake", criado especialmente para a exposição no MoMA

O centro da exposição é um tour labiríntico batizado de "Songlines" –algo como "linha do tempo de canções". Ao entrar, o visitante recebe um guia de áudio que alterna músicas da cantora com uma biografia fictícia em forma de poesia, escrita por seu amigo islandês Sjón.

Munido da trilha sonora apropriada, o visitante passeia entre os figurinos, fotos, partituras e diversos objetos que recontam o trabalho de Björk ao longo dos anos.

Estão lá os diários da cantora escritos desde os nove anos de idade. Também é possível ver o vestido de cisne eternizado após sua aparição no tapete vermelho do Oscar de 2001, em um manequim de Björk feito em 3D –há outros espalhados pela "linha do tempo"– ao lado dos robôs do clipe de "All Is Full of Love", de 1999.

"Björk é a artista paradigmática dos anos 1990", afirma Biesenbach. "Esse período foi sobre a estética relacional e a colaboração entre arte, cinema, moda e fotografia."

Em sua carreira, a cantora islandesa fez experimentações com sons, imagens, tecnologia e temas que variavam da natureza ao feminismo. Ao longo dos anos, colaborou com diversos artistas, estilistas e cineastas como Michel Gondry e Lars von Trier.

Para mostrar os videoclipes que são a síntese dessa colaboração, o MoMA montou um cinema em que é possível assisti-los em ordem cronológica.

Mas, para o curador, a principal peça da exibição é um vídeo de dez minutos, financiado pelo museu e gravado na Islândia, para a música "Black Lake", um hino do coração partido que está no novo álbum de Björk, escrito após sua separação do artista plástico norte-americano Matthew Barney.

"Foi uma jornada incrivelmente íntima para mim", disse a artista, na apresentação do vídeo. A exposição fica em cartaz até 7 de junho.


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