Folha de S. Paulo


Artista colombiana acusa Dolce & Gabbana de plágio

Quando desfilaram em Milão no início desta semana com chiquérrimos fones de ouvido cravejados de pérolas, as modelos da Dolce & Gabbana talvez nem estivessem ouvindo música. Mas o barulho que eles causaram foi grande.

Uma artista plástica colombiana viu imagens da semana de moda italiana e ficou chocada com a semelhança entre os acessórios que construiu para uma série de fotografias e aqueles mostrados na passarela.

"Eles fizeram uma cópia quase idêntica dos fones que desenhei há quatro anos", diz Adriana Duque. "A semelhança é evidente demais, e isso me enche de tristeza, porque foge do meu controle e da esfera artística. Preciso que saibam que isso é meu trabalho e não uma coisa comercial."

Alessandro Bianchi/Reuters
Fotografia de Adriana Duque realizada há quatro anos; modelo em desfile da Dolce & Gabbana no domingo em Milão
Fotografia de Adriana Duque realizada há quatro anos; modelo em desfile da Dolce & Gabbana no domingo em Milão
Adriana Duque/Divulgação
Fotografia de Adriana Duque realizada há quatro anos; modelo em desfile da Dolce & Gabbana no domingo em Milão
Fotografia de Adriana Duque realizada há quatro anos; modelo em desfile da Dolce & Gabbana no domingo em Milão

TRANSPIRAÇÃO

Duque é representada por galerias em Madri, Bogotá e São Paulo, onde expõe na Zipper. Ela ficou conhecida nos últimos anos por seus retratos de crianças que lembram pinturas do século 16, sempre com luxuosos vestidos e acessórios com referências barrocas e contemporâneas, como as coroas que transformou em fones de ouvido cheios de joias.

"Ela se sentiu ofendida ao ver um dos principais elementos da iconografia dela na passarela da Dolce & Gabbana", diz Pedro Fida, advogado da artista, em São Paulo. "Ainda estamos avaliando o que fazer, mas sou a favor de uma conversa amistosa para chegar a um consenso entre as partes e não ficar apontando o dedo na cara de ninguém."

Mas Fabio Cimino, dono da Zipper, não tem dúvidas. "É claro que é um caso de plágio e vamos passar essa história a limpo", diz o galerista. "Isso despertou um interesse pela obra dela e gerou um buzz, mas é uma divulgação torta do trabalho. Não houve transpiração na inspiração deles."

Rodrigo Salinas, advogado especialista em propriedade intelectual, observou as séries fotográficas de Duque e imagens do desfile da marca italiana a pedido da reportagem.

"Existe uma semelhança grande entre os acessórios, mas só a ideia de um fone de ouvido decorado com joias não é passível de proteção legal", afirma. "A discussão é se houve mesmo um aproveitamento da ideia da artista e dos elementos de sua obra."

OUTRO LADO

Representantes da Dolce & Gabbana em São Paulo e em Milão, sede mundial do grupo, foram procurados pela Folha, mas disseram que não comentariam o caso por enquanto.


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