Três dos cinco filmes mais vistos no Brasil em 2014, segundo a Ancine (Agência Nacional do Cinema), são protagonizados por mulheres.
O mais visto foi de "Até que a Sorte nos Separe 2", com Leandro Hassum. No 2º, 3º e 4º lugares vêm "Os Homens são de Marte...", "S.O.S. Mulheres ao Mar" e "Muita Calma Nessa Hora 2", com temática feminina.
Atrás das câmeras, porém, o predomínio é masculino, segundo a Folha apurou: só uma produção ("S.O.S.") foi dirigida por mulher.
Segundo estudo do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 86,3% dos filmes nacionais entre 2002 e 2012 foram dirigidos por homens, que também assinaram 74% dos roteiros.
"[A participação feminina] não é diferente do mercado fora do cinema. O fato de lidar com arte não atenua os problemas de gênero", diz a produtora Vânia Catani.
Como outras fontes ouvidas pela reportagem, Catani diz que as diferenças não influenciam os cachês de atores e atrizes. Mas a produtora de um dos filmes mais rentáveis de 2014, que não quis ser identificada, diz conhecer casos em que mulheres ganharam 30% a menos.
"Os homens são mais ofensivos nas negociações de salário", afirma.
A diretora Anna Muylaert ("Que Horas ela Volta?") diz ter recebido durante anos um salário menor, para realizar a mesma função que um homem.
"De uns dez anos para cá eu me neguei, aí eu comecei a ganhar igual", conta, sobre sua experiência escrevendo roteiros em parceria. "Enquanto você aceita, você está sendo machista."
Colaborou BEATRIZ MONTESANTI, de São Paulo
Editoria de Arte/Folhapress | ||