Folha de S. Paulo


Festival Sundance premia atuações de Regina Casé e Camila Márdila

Foi na Bahia, onde está passando férias, que Regina Casé, 60, ficou sabendo que ganhou o prêmio especial do júri de melhor atriz do Festival Sundance pelo filme "Que Horas Ela Volta?".

A atriz e apresentadora não foi para Park City (EUA), onde acontece o principal festival de cinema independente dos Estados Unidos, porque não queria se separar do filho Roque, de um ano e meio.

Na produção premiada, ela vive justamente uma mulher marcada pela ausência da filha, Jéssica (Camila Márdila, que dividiu o prêmio com Casé), que ela deixa em Pernambuco para trabalhar como doméstica em São Paulo.

Kristin Murphy/Efe/Epa
Diretora Anna Muylaert e atriz Camila Márdila (à dir.), que subiram ao palco durante a premiação do Festival Sundance
Diretora Anna Muylaert e atriz Camila Márdila (à dir.), que subiram ao palco durante a premiação do Festival Sundance

Em entrevista à Folha, a atriz se disse surpresa com o prêmio porque achava que a personagem tem muitos detalhes que passariam batidos para os estrangeiros. "Tudo o que eu acho que seria notável no meu trabalho, o sotaque, a maneira de andar, os gestos, os termos... Tudo isso eles não percebem", afirmou.

"Além disso, me despi de qualquer vaidade, da minha imagem, e isso eles também não sabem, já que não sabem como eu sou", comentou. "Então acho que o filme pegou mesmo pelo sentimento, pelo emocional mesmo."

"Um prêmio para o gênio consagrado e o novo talento mostra que o jogo cênico funcionou, ou seja, de alguma maneira o filme foi premiado também", diz a diretora Anna Muylaert ("Durval Discos"), que também se sentiu premiada.

Na categoria de melhor filme estrangeiro, seu longa perdeu para o longa britânico e neozelandês "Slow West".

Já o produtor Caio Gullane, da Gullane Filmes, disse esperar que o prêmio não traga visibilidade só para o filme, selecionado pelo Festival de Berlim, mas para as mudanças sociais em curso no Brasil.

OUTRO BRASILEIRO

"Que Horas Ela Volta?", ainda sem previsão de estreia, não foi o único filme com participação brasileira a sair vencedor do festival. "The Witch", que deu o prêmio de direção para Robert Eggers, também tem um toque tupiniquim.

O produtor brasileiro Rodrigo Teixeira, da RT Features, contou que conheceu Eggers em 2013, no próprio festival, e se impressionou com o roteiro que ele apresentou.

Acabou entrando como investidor e produtor, o que viabilizou o filme, que tem orçamento total de US$ 2,3 milhões (mais de R$ 6 milhões).

PRINCIPAIS VENCEDORES

PRÊMIOS DO JÚRI

Filme
"Me and Earl and The Dying Girl", de Alfonso Gomez-Rejon

Direção
Robert Eggers ("The Witch")

Documentário
"The Wolfpack", de Crystal Moselle

Filme estrangeiro
"Slow West", de John Maclean

PRÊMIOS DO PÚBLICO

Filme
"Me and Earl and The Dying Girl"

Documentário
"Meru", de Jimmy Chin e E. Chai Vasarhelyi


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