Um assassino serial age nas ruas de Belfast, Irlanda do Norte. Em vez de dejetos sociais, ele persegue, ataca e mata mulheres solteiras bem-sucedidas profissionalmente. Para investigar o caso, as autoridades locais convocam uma especialista da polícia metropolitana londrina.
Em sua primeira noite na cidade, Stella Gibson encontra a conexão entre os crimes, desafia seus superiores, ensina uma recruta e faz sexo com um colega que acabara de conhecer. Um colega casado.
A protagonista da série "The Fall", produzida pela BBC e cofinanciada pelo Netflix, que exibe a segunda temporada no Brasil, representa o passo mais ousado na carreira de Gillian Anderson, 46, desde que a atriz ficou famosa pelo papel icônico da agente Dana Scully, de "Arquivo X".
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| Atriz Gillian Anderson interpreta a detetive Stella Gibson em 'The Fall' |
Gibson lidera uma série de personagens femininas complexas e fortes que estão revigorando a televisão mundial em séries como "Happy Valley", "The Honourable Woman" ou "The Affair". "Antes da primeira temporada estrear, eu pensava: 'As mulheres precisam ver essa personagem. Ela é um modelo para termos na cultura pop dentro do contexto feminino. Como atriz, me deixa mais poderosa", diz Gillian à Folha.
Na série, ela caça o psicopata vivido por Jamie Dornan, que está prestes a ganhar o status de estrela mundial com o papel do milionário sadomasoquista Christian Grey em "Cinquenta Tons de Cinza".
Um status que ela não sente a menor falta desde que Scully saiu das telinhas, há mais de 10 anos. "Gosto de ficar invisível", conta ela, que terminou sua jornada em "Arquivo X" e se mudou para Londres, onde já havia morado quando adolescente.
"Achava que ia passar seis meses para me livrar da loucura que era a série, mas acabei me apaixonando pelo fácil acesso à cultura, arquitetura e ao teatro. Levo meus filhos sempre para os museus grátis", conta a atriz, mãe de dois meninos e uma menina.
A visão europeia deixou Gillian mais exigente. Ela escolhe uma peça em Londres para atuar a cada três anos e divide seu papel em "The Fall" com participações constantes na série "Hannibal", um dos grandes sucessos da TV a cabo nos EUA. A divisão de tarefas não é difícil, já que o programa britânico foi concebido para ter temporadas de apenas cinco episódios -uma terceira temporada deve ser anunciada pela BBC em breve.
Mas o problema em trabalhar mais nos EUA é mais filosófico. "Não sei se seria possível fazer algo como 'The Fall' nos Estados Unidos", alfineta. "As redes americanas são grandes máquinas com muitos milhões em risco e esquecem que há seres humanos envolvidos. Eles acham que somos gado. É uma vergonha. Na Inglaterra, há mais respeito pelo ator, um tratamento mais humano."
Gillian Anderson diz que Stella Gibson é sua "personagem preferida na carreira" e que "espera interpretá-la por vários anos", mas ela não espera repetir o tsunami pop que foi "Arquivo X". "Aquilo foi um outro planeta. Não consigo nem imaginar se a série tivesse surgido hoje em dia, com as redes sociais e Internet", fala a atriz.
"Ela faz parte da minha história. Há dois anos, comemoramos 20 anos da série e fomos todos para a Comic-Con, em San Diego. Foi divertido rever todos."
A Fox espera mais do que uma visita à Comic-Con. No fim de semana, a rede de TV anunciou oficialmente que há um plano de recomeçar "Arquivo X", novamente com Mulder (David Duchovny) e Scully em busca de atividades paranormais. "Quero fazer um novo 'Arquivo X'. Sempre deixamos bem claro que estamos abertos para um retorno. Mas precisamos fazer da maneira correta, porque nosso público cresceu e o mundo é outro."