Uma das mais experientes críticas de arte do país, Aracy Amaral estará à frente da próxima edição do Panorama da Arte Brasileira, mostra bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo que se consolidou como importante vitrine da arte contemporânea do país, em especial pelo foco em artistas emergentes. A 34ª edição do evento está marcada para outubro.
Amaral dirigiu a Pinacoteca do Estado de São Paulo nos anos 1970 e também esteve à frente do Museu de Arte Contemporânea da USP. É autora de mais de 50 livros, entre eles uma série de estudos sobre a obra da modernista Tarsila do Amaral.
Também organizou mostras de peso na história da arte do país, como "Expo-Projeção 73", em que mostrou pela primeira vez obras de pioneiros da videoarte nacional, além de já ter organizado uma edição do Panorama do MAM em 1999.
No ano passado, uma declaração de Amaral causou polêmica. Ela disse em entrevista ao jornal "O Globo" que os artistas brasileiros são "alienados, voltados para pequenas problemáticas".
"Hoje, no resto do mundo, vemos artistas plásticos muito mais preocupados com a política, com a realidade, do que no Brasil. Na América Latina, vemos uma preocupação maior com o que se passa em volta", disse Amaral, na ocasião. " É uma espécie de refúgio de uma realidade hostil. Não nos olhamos no espelho, e pensamos que temos olhos azuis e somos louros."
Sua escolha para coordenar o próximo Panorama, depois de uma última edição radical organizada por Lisette Lagnado, sinaliza uma volta a uma arte mais politizada na mostra. Um dos artistas já sondados para a exposição, segundo informou o site Mapa das Artes, é Pitágoras Lopes Gonçalves.
Paulo Myiada, hoje um dos curadores do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, será o curador-adjunto do próximo Panorama ao lado de Amaral.