Folha de S. Paulo


Morre o dramaturgo Chico de Assis aos 81 anos

Morreu na tarde de sábado (3) em seu apartamento em São Paulo o dramaturgo Chico de Assis, aos 81 anos. Ele sofreu um infarto.

Assis ligou-se ao Teatro de Arena, na passagem da década de 1950 para 1960, onde fundou o Seminário de Dramaturgia e o laboratório de interpretação.

Ele também foi o autor, junto de Renato Correa de Castro, da novela "Bicho do Mato", exibida pela rede Globo em 1972.

Felix Lima - 8.fev.2011/Folhapress
Chico de Assis na homenagem ao centenário de Lélia Abramo, no Teatro de Arena, em 2011
Chico de Assis na homenagem ao centenário de Lélia Abramo, no Teatro de Arena, em 2011

Francisco de Assis Pereira nasceu em 1933, em São Paulo, e começou sua carreira na televisão na extinta Tupi.

Ao longo da vida, o dramaturgo ficou conhecido por trabalhos vinculados à cultura popular brasileira, como a literatura de cordel, que inspirou a trilogia de peças "O Testamento do Cangaceiro", "As Aventuras de Ripió Lacraia" e "Farsa com Cangaceiro Truco e Padre".

NO TOPO

"Eu perdi um irmão", afirmou o autor de novelas Walther Negrão, que trabalhou com Assis na TV Tupi e na TV Bandeirantes. "Coloco a obra dele no topo, ao lado da obra de Ariano Suassuna. Ele teve a maior preocupação em trazer para o teatro o homem brasileiro."

O ator Oswaldo Mendes, que atuou na peça "Missa Leiga" (1972), escrita por Assis, tem a mesma opinião: "Chico trouxe para o palco o homem brasileiro, com seus problemas, características, seus sonhos e sua cultura".

Amigo de longa data do dramaturgo, Mendes conta que conversou com Chico de Assis na última sexta-feira, por telefone. "Ele planejava escrever peças curtas, com duração de 15 a 20 minutos. Também queria fazer um teatro mais filosófico e político."

O dramaturgo havia gravado participação no programa "Persona em Foco", dedicado aos ícones do teatro brasileiro, que deve ir ao ar em breve na Cultura.

Em 2014, recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Brasil pelo seu trabalho no teatro e no ensino da dramaturgia.

O corpo foi velado no Teatro de Arena, em São Paulo, e foi sepultado no Cemitério da Vila Alpina.


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