Folha de S. Paulo


Hackers vazam e-mails com ofensas de executivos de cinema a Jolie e Obama

E-mails entre a vice-presidente da Sony Pictures, Amy Pascal, e o produtor Scott Rudin contendo ofensas à atriz Angelina Jolie e comentários racistas sobre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, são o novo capítulo do escândalo dos vazamentos de dados sigilosos do estúdio.

Desde 24 de novembro, quando hackers invadiram os computadores do estúdio, filmes inéditos como o musical "Annie" e o longa "Corações de Ferro", com Brad Pitt, foram colocados na internet.

Os prejuízos desses vazamentos podem chegar a US$ 100 milhões (R$ 266 milhões), segundo analistas.

Dados pessoais de celebridades e executivos do estúdio e correspondência virtual de funcionários têm sido liberados on-line aos poucos, via fóruns anônimos.

CONSTRANGIMENTO

Os últimos vazamentos, no entanto, têm motivado pedidos públicos de desculpas de executivos do alto escalão do estúdio e de Hollywood.

Em uma conversa com Pascal, por exemplo, Rudin chama a atriz Angelina Jolie de "fedelha mimada e minimamente talentosa".

O produtor tentava convencer a vice-presidente a engavetar o projeto do longa "Cleopatra", que traz Jolie no papel principal, por causa de uma disputa pelo diretor David Fincher.

"Não se trata só de e-mails impudicos sendo liberados pelo Gawker' ou Defamer' [sites que divulgaram os vazamentos]," disse Rudin após a divulgação da conversa, "mas de um ato criminoso."

Na quinta (11), Rudin e Pascal pediram desculpas públicas pelo conteúdo de outra conversa virtual, em que faziam comentários racistas sobre Barack Obama.

"O que eu devo perguntar ao presidente?", diz ela, que se encontraria com Obama em um evento de arrecadação de fundos na Dreamworks, em novembro.

Ela sugere, então, que poderia inquirir se Obama havia gostado de "Django Livre", longa do diretor Quentin Tarantino que traz um ex-escravo como protagonista.

Os e-mails continuam, listando diversos filmes com protagonistas negros como possíveis escolhas de Obama. como "12 Anos de Escravidão", do diretor Steve McQueen.

"Apesar de ser correspondência privada que foi roubada, aceito total responsabilidade pelo que escrevi e peço desculpas a quem possa ter ofendido", disse Pascal.

Rudin afirmou que os e-mails não tinham intenção de ofender e apenas tinham sido escritos "sem muita sensibilidade e pensamento".

INVESTIGAÇÃO

O lançamento do filme "A Entrevista", com os atores Seth Rogen e James Franco como dois repórteres encarregados pela CIA de matar o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foi apontado como possível causa do ataque.

O governo norte-coreano, no entanto, negou envolvimento nos vazamentos, que chamou de "obras da justiça".

Investigadores do FBI também apontaram que não há evidências de que o ataque tenha partido de Pyongyang.


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