Folha de S. Paulo


Novo disco de Emicida será guiado pela África

O próximo disco do rapper paulistano Emicida, 29, previsto para sair em 2015, será baseado em uma viagem que o músico fará à África, em busca de suas origens. O projeto, porém, deve ir além da música e renderá um documentário gravado na jornada.

O trabalho é um dos aprovados no programa de editais Natura Musical, realizado há nove anos pela empresa de cosméticos. Parte dos recursos é captada via leis de incentivo. A lista de vencedores para 2015 foi anunciada na noite desta terça (9).

Entre os contemplados estão também Gal Costa, que gravará CD ao vivo com repertório de Lupicínio Rodrigues, e Elza Soares, que lançará álbum de sambas em parceria com artistas das novas gerações, como Celso Sim, Kiko Dinucci e Romulo Fróes.

Ao todo, venceram 30 projetos. O valor total do edital, cuja curadoria é de Charles Gavin (ex-baterista dos Titãs), é de R$ 6,4 milhões –a empresa não informa quanto do montante será captado por meio de isenção fiscal. A lista completa de vencedores está em naturamusical.com.br.

Adriano Vizoni/Folhapress
O rapper paulistano Emicida
O rapper paulistano Emicida

PESQUISA ANCESTRAL

A origem do título do projeto de Emicida também é africana. "Ubuntu", nas línguas zulu e xhosa –dois dos idiomas oficiais da África do Sul–, é uma filosofia de comportamento em sociedade que se traduz na máxima "Eu sou porque nós somos".

O termo, popularizado por Nelson Mandela (1918-2013) na luta contra o apartheid, foi o escolhido pelo rapper para batizar também o festival de sua gravadora, a Laboratório Fantasma, cuja primeira edição foi realizada no domingo (7), em São Paulo.

A viagem do rapper deve ocorrer no primeiro trimestre, passando por Angola, Moçambique e Cabo Verde, países onde o português é falado e que ele visitará pela primeira vez. Artistas locais, que ainda estão sendo selecionados, devem participar das gravações do documentário, focado em mostrar as origens dos ritmos brasileiros.

"Sempre pesquisei muito sobre o vínculo histórico entre Brasil e África, a cultura, música etc., só que essa relação sempre foi pouco exposta", diz Emicida sobre a motivação para a empreitada.

Ele próprio será o responsável pelo roteiro. Ainda não está definido quem cuidará da direção do material.

"Acho que o legal deste projeto é que ele fará uma viagem por essa história musical e trará muito aprendizado para nós", acrescenta. O documentário deve abordar, por exemplo, a origem de instrumentos percussivos usados na música brasileira.

O filme, conta o músico, deve ganhar exibição na televisão. "Estamos negociando com alguns canais e temos vontade de exibir no cinema também", diz ele. A data de lançamento será anunciada apenas mais adiante.

Sobre as composições do disco, seu segundo de estúdio, também faz mistério. "Estou só rabiscando algumas coisas. No começo de 2015 pego firme nisso", conta ele, que vai completar uma década de carreira.


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