Folha de S. Paulo


Crítica: 'Uma Noite de Crime' peca pela divisão fácil entre bons e maus

Em "Uma Noite de Crime: Anarquia", temos uma nação doente, dominada de vez pelo nazismo, um mundo apocalíptico que se disfarça sob uma ordem tirânica.

É o sexto ano em vigor de uma prática absurda. Durante um dia do ano, as pessoas têm permissão para cometer quase todos os tipos de crime.

O vizinho que olhou atravessado, o atendente mal-educado de uma loja, o chefe que despediu o funcionário relapso, todos podem ser alvos da vingança permitida nesse dia especial.

Segundo as autoridades, essa medida fez com que a criminalidade no restante do ano despencasse, e as pessoas agora vivem 364 dias de paz e tranquilidade.

Divulgação
John Beasley ao centro em cena do filme 'Uma Noite de Crime: Anarquia'
John Beasley ao centro em cena do filme 'Uma Noite de Crime: Anarquia'

Este segundo longa da franquia "Uma Noite de Crime" –que promete novas continuações– é bem superior ao primeiro. Mesmo que isso não diga muito.

Superior principalmente pelo teor político, mais evidente e bem trabalhado agora. Há uma preocupação em criticar o lado mais reacionário da sociedade americana, aquele que acredita em pena de morte e na invasão de outros países pelo bem de uma suposta democracia.

Há também uma denúncia: bem nascidos compram pobres para exercitar a purgação de matar, e promovem a exterminação de pessoas indesejáveis à sociedade que pretendem construir.

Esse âmbito político é levado a cabo em todo aspecto do filme, e não é à toa que o grupo que se revolta contra tudo isso é liderado por negros.

Mas "Uma Noite de Crime: Anarquia" peca pelo maniqueísmo, com bons e maus representando papéis bem definidos, incluindo a separação por classes sociais, algo que o desfecho conciliador não consegue apagar. (sa)

UMA NOITE DE CRIME: ANARQUIA
(THE PURGE: ANARCHY)
DIREÇÃO James DeMonaco
ELENCO Frank Grillo, John Beasley
PRODUÇÃO EUA, 2014, 16 anos
AVALIAÇÃO regular


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