Folha de S. Paulo


Mochileiros da dança ocupam São Paulo

Os bailarinos do grupo colombiano Tercer Piso entram na fila do bandejão do café da manhã ainda com as mochilas nas costas.

Vieram direto do aeroporto de Cumbica para o hostel no centro da cidade onde estão hospedados os participantes da Dança à Deriva –2ª Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea.

Após voarem 12 horas, chegaram a São Paulo na terça-feira (2). Partindo de Bogotá, o voo foi longo porque tinha escala no Panamá. Foi o mais barato que conseguiram.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
As bailarinas que vieram participar da mostra €œDança à Deriva
As bailarinas que vieram participar da mostra €œDança à Deriva

A mostra radicaliza o conceito de produção colaborativa, vertente importante da dança contemporânea. Quase sem verba, a produtora do evento, Solange Borelli, só pode oferecer comida, hospedagem e o local para os grupos apresentarem os seus trabalhos e trocarem experiências.

É isto o que move os 25 grupos que participam, sem cobrar cachê, do evento. "É importante fazer parte neste momento, ver o que estão fazendo na dança na América Latina", diz o colombiano Ruben Garzon, 31, do Tercer Piso.

Dançar sem lenço nem documento é a condição de 90% dos bailarinos desses países, segundo Juliana Atesta, 32, do Colectivo La Perforadora, da Colômbia. "Somos nômades, sempre procurando espaço para dançar", diz.

Alguns grupos conseguem apoio oficial, nem sempre suficiente. Ana Paula Rivera, 29, Erika Mata, 31, e Cristina Rojas, 32, do grupo La Santa Chochera, organizaram rifa e brechó para inteirar o dinheiro das passagens de San José (Costa Rica) a São Paulo.

A convocatória dos participantes foi feita nas redes sociais, reforçando a ideia de dança sem fronteiras. Acabou extrapolando os limites geográficos da América Latina.

É o caso do Colectivo Passion Red, criado pelo colombiano Julian Yopasá, 30, atualmente sediado na Áustria. Julian, a austríaca Barbara Mair, 27, e a alemã Selina Glockner, 22, fizeram o mochilão de carro (Áustria-Alemanha) e voo de baixo custo (Alemanha-Espanha) para cruzarem o Atlântico e apresentarem em São Paulo a dança "Toy Box", "Uma reflexão sobre como a sociedade quer colocar na caixinha' a arte e as pessoas", diz Julian.

dança à deriva

quando sex. (5), sáb. (6), dom. (7) e seg. (8), a partir das 18h

onde Centro de Referência da Dança, Baixos do Viaduto do Chá s/n, tel. (11) 3214-3249

quanto grátis

programação completa dancaaderiva.blogspot.com.br


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