Eventos como o Rumos Legado Dança #Sampleado, do Itaú Cultural, são interessantes para que o público possa conhecer, em um curto espaço de tempo, o trabalho de diversos coreógrafos brasileiros em atividade hoje.
A dança no Brasil, apesar de não prescindir de qualidade e ineditismo, sofre de problemas como falta de alcance geográfico e falta de referências do público.
Durante décadas, os grandes espetáculos de dança, nacionais e internacionais, eram em pequeno número, restritos a grandes centros urbanos e muito caros.
| Davi Ribeiro/Folhapress | ||
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| A partir da esq. os coreógrafos WAgner Schwartz, Georgia Lengos e Luis Ferron |
Com o aumento da renda do brasileiro e o maior interesse do público, espetáculos estão chegando a mais cidades e bairros, o que é bastante positivo.
Mas resta um desafio aos coreógrafos e bailarinos: como basear suas coreografias na subversão de movimentos e técnicas, se o público não as conhece? Como quebrar expectativas de um público que não as tem?
O risco de alienar o público com uma peça impenetrável é real. Cabe aos artistas criar obras que sejam contemporâneas, criativas e inesperadas, mas que incluam referências, expressões e emoções com as quais a plateia possa se identificar.
POSSIBILIDADES
Ao ver diversos "samples" em sequência, o espectador pode começar a entender a enorme variação de possibilidades de movimento do corpo e de interação entre dançarinos e deles com o palco, iluminação, música e plateia.
Mas toda dança inclui uma memória de movimentos e ideias já dançadas ou experimentadas por alguém.
É importante tentar fazer com que o público desenvolva sua própria memória e referências e não se contente apenas com ver e sentir a dança só naquele instante.
As novas tecnologias ajudam quem quer conhecer referências da dança –hoje, quem quiser ver Martha Graham ou Pina Bausch em ação só precisa ir ao YouTube. Nada, no entanto, substitui a peça ao vivo.