Folha de S. Paulo


'Stage manager' conquista teatro de grupo

Fora das franquias da Broadway, o "stage manager" também avança pelos espetáculos e grupos nacionais.

No musical "Se Eu Fosse Você", em cartaz em São Paulo, Samir Cavalcante está fazendo sua estreia na função, como chefe de palco/diretor técnico. Até então, havia trabalhado em vários espetáculos como maquinista, cuidando das telas e varas no palco.

Agora coordena todos os técnicos, entradas e saídas dos atores, acompanhando a cena por câmeras ou da coxia. "Meu aprendizado foi mais na raça, conheci palco, urdimento, no dia a dia", diz.

Lenise Pinheiro/Folhapress
A 'stage manager' Leslie Pierce no espetáculo
A 'stage manager' Leslie Pierce no espetáculo "O Homem de La Mancha", no Teatro do Sesi

André Guerreiro Lopes, assistente de direção do americano Bob Wilson na montagem local de "A Dama do Mar", diz que outras produções que vêm de fora, não só musicais, "reforçam no país a figura do diretor de cena, a ponte com todos os técnicos, por quem passa tudo". Em "Dama", foi Rafael Bicudo.

Mas Lopes sublinha que outros gêneros vêm desenvolvendo a função, como o próprio teatro de grupo dedicado a espaços não convencionais, que trouxe um "stage manager" mais "inventivo".

Otto Barros, diretor de cena há quatro anos no Teatro Oficina, do diretor Zé Celso, diz que o posto ganhou dimensão com a série de peças sobre a atriz Cacilda Becker.

"O ciclo é uma grande novela", conta, brincando que só agora, que prepara a remontagem de cinco delas para dezembro, é que entende o significado de boa parte dos elementos. "É uma vertigem, a gente está meio doido. E ainda faltam quatro peças!"

Barros também ressalta as diferenças da função no teatro comercial e nos musicais estrangeiros. "No teatro que a gente faz no Brasil, não tem uma coisa já pronta, a gente vai descobrindo. E eu também sou ator. Não tenho tempo, por exemplo, para fazer o livro do stage manager'."

Felipe Hofstatter, diretor de palco de "Toda Nudez Será Castigada" e "Nossa Cidade" no Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, do diretor Antunes Filho, é outro que também é ator. "Lá atrás, nas coxias, se acontece alguma coisa, eu corro", conta, dizendo que normalmente não usa o intercom, o rádio característica dos "stage managers".

E a contrarregragem no CPT é compartilhada. "Cada um faz um pouco a sua própria. Não tem quem faça por você. A gente se ajuda muito, colabora."


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