Folha de S. Paulo


Atrizes 'sangram' em série do 'Fantástico'

"Mergulhei de cabeça nesse romance. Ele, ao contrário, nunca tirou o pé do chão."

A constatação da personagem Sandra, vivida por Susana Vieira, dá o tom da minissérie "Eu que Amo Tanto", que estreia neste domingo (9) dentro do "Fantástico" (Globo).

A produção, dirigida por Amora Mautner e Joana Jabace, foca no drama de uma mulher que "ama demais" em cada um de seus episódios –são quatro ao todo.

No caso de Sandra, ela se apaixona pelo fotógrafo Miguel (Tarcísio Filho), bem mais jovem que ela, e passa a cercá-lo obsessivamente. "Em algum momento, todas as protagonistas cometem algum ato um pouco desequilibrado, cada uma na sua instância", adianta Mautner. "Estamos retratando mulheres que são patológicas nesse aspecto."

Segundo ela, que já havia trabalhado com quase todos as artistas do projeto, os convites para integrar o elenco foram para atrizes de primeiro escalão dispostas a se desnudar diante das câmeras.

João Cotta/Divulgação/TV Globo
Tarcísio Filho e Susana Vieira
Tarcísio Filho e Susana Vieira

As escolhidas —além de Susana Vieira, há episódios com Mariana Ximenes, Carolina Dieckmann e Marjorie Estiano— toparam de primeira e deixaram de lado maquiagem e pudores (todas aparecem nuas em cena) ao gravar.

"Estamos em uma indústria que glamoriza. A gente precisa vender isso, é um ativo nosso, mas nesse caso queríamos brincar com o contrário", explica Mautner.

"Na série, elas têm a grandeza de dividir com o público um lado que pouco mostram, que é o de serem simplesmente grandes atrizes, desagregadas do glamour. Ficaram nuas não só no corpo, mas na alma também. O mais impactante do projeto é ver essas atrizes de um jeito novo. É uma ode à atuação."

A inspiração da diretora foi o cineasta Rainer Werner Fassbinder (1945-1982), que costumava escalar atrizes consagradas e levá-las a atuações extremas, em que "sangravam" em cena, como ela quis fazer com suas estrelas globais.

"Para contar essa história, a gente não poderia estar de outro jeito", admite Dieckmann, que vive Zezé, uma mulher que se anula na relação com Osório (Antonio Calloni) a ponto de aceitar outras mulheres em sua cama.

"São histórias de mulheres que estão em carne viva e nós precisávamos estar sem enfeite, sem nada."

Nos demais episódios, Angélica (Estiano) abandona a família para viver um romance com Cristiane (Paula Burlamaqui), enquanto Leididai (Ximenes) –que abre a temporada– visita o detento Osmarino (Márcio Garcia) todos os dias na prisão, até descobrir que ele tinha mulher.

A minissérie foi inspirada no livro homônimo que Marília Gabriela publicou em 2008 pela editora Rocco. No entanto, as histórias não são baseadas nos depoimentos dados à jornalista, mas recriadas pelo autor Euclydes Marinho.

"Ele soube compor de tal maneira que tem um pouco de cada uma das mulheres do meu livro nessas personagens", elogiou ela. "E manteve a questão principal que, para mim, é lidar mal com o que elas esperam do outro naquilo que elas chamam de amor."

O autor, por sua vez, conta que juntou as histórias do livro à sua vivência pessoal. "Também tive uma louca na minha vida", brincou.

NA TV
Eu que Amo Tanto
Estreia da minissérie
QUANDO domingo (9), a partir das 21h, na Globo
CLASSIFICAÇÃO não informada


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