Folha de S. Paulo


Desfiles destacam estilistas revelação

A estreia do estilista baiano Vitorino Campos na direção criativa da grife carioca Animale, que abriu o primeiro dia de São Paulo Fashion Week, nesta segunda (3), promoveu uma quebra na imagem sexy e de mulher fatal que a estilista Priscila Darolt construiu nos quatro anos em que esteve à frente da grife.

O desfile de inverno 2015 da Animale mostrou uma série de camisas largas de alfaiataria e várias saias assimétricas, inspirada na Rota da Seda, percorrida por nômades da Ásia Central.

Montanhas, desertos e paisagens áridas foram desculpa para a limpeza geral que o estilista provocou na grife, que atraiu todos os olhares no primeiro dia de desfiles.

A mudança estética não significa, porém, que a grife pretende esconder colos, pernas e os braços das mulheres.

Numa boa sacada de Vitorino, as roupas têm fendas localizadas, que podem ser fechadas com zíperes, e uma série de peças que permitem combinações com outras mais básicas.

A cartela é enxuta e monocromática, como manda a cartilha do jovem estilista de 26 anos, que agora tem de se desdobrar para produzir mais de oito coleções anuais. Vitorino ainda tem uma marca homônima de roupas de festa que desfila na São Paulo Fashion Week.

LIMPEZA COM GRAÇA

Um ponto de virada também foi o minimalismo da grife Uma, da estilista Raquel Davidowicz, que mudou de cara. Ao chamar o amigo e artista plástico potiguar Geová Rodrigues para assinar com ela a coleção da marca, Davidowicz acertou o ponto e mostrou que roupas "limpas" não precisam ser sem graça.

Uma série de looks com aplicações de brilho e telas de tule desfilaram pela passarela ao som da banda indie Ted Marengos. A ideia, ao que parece, é atrair clientes jovens com peças urbanas e com uma escala de cor mais aberta, colorida, do que a usada em temporadas passadas.

INVASÃO MINEIRA

Outra estreia aguardada do dia foi a da grife PatBo, marca jovem da estilista Patricia Bonaldi, que é a grande revelação da costura mineira atual.

Inspirada na cultura celta, Bonaldi colocou na passarela um misto de peças urbanas e moda festa ricamente bordada com técnicas tridimensionais.

O nível de detalhes é tão grande que só de perto é possível identificar os desenhos que saltam das roupas em brilhos e relevos.

Também mineiro, o estilista Victor Dzenk apostou numa moda mais contida, minimalista à sua maneira, mas não menos glamorosa.

Assim como na coleção da Animale, os tons de marrom coloriram a coleção inspirada na indumentária equestre.

O estilista recriou a imagem das amazonas com seus chapéus de abas largas ao vesti-las com vestidos decotados, capas e saias mídi (pouco abaixo do joelho).

Sobreposições plissadas e tricôs leves completam o mix proposto por Dzenk, que nesta temporada deixou de lado o excesso de estampas de temporadas passadas.

O estilista não pesou a mão nos brocados e nos tecidos supertrabalhados de outrora e fez uma moda festa difícil de algum outro designer superar nesta temporada.


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