Folha de S. Paulo


Gêmeos brasileiros produzem longa sobre a morte de Lennon

Quase 35 anos e dois filmes desde a morte de John Lennon, em 8 de dezembro de 1980, irmãos brasileiros pretendem contar mais uma vez a história do dia em que o ex-Beatle foi assassinado na frente do prédio em que morava, em Nova York. Desta vez, mostrando o ponto de vista de pessoas que se viram envolvidas no desenrolar do crime.

O projeto "The Lennon Report" está atualmente em fase de pré-produção em Nova York, onde vivem Gabriel e Rafael Francisco, gêmeos idênticos nascidos no Rio de Janeiro e criados nos EUA.

A produção foi comparada pela BBC ao longa "JFK, a História Não Contada" (2013), sobre os desdobramentos da morte do presidente americano John F. Kennedy (1917-1963). O filme se passa no hospital Dallas' Parkland, onde médicos e enfermeiras tentavam salvar a vida de Kennedy, após o presidente levar um tiro durante um desfile em carro aberto.

AFP
O ex-Beatle John Lennon, em julho de 1971
O ex-Beatle John Lennon, em julho de 1971

Para chegar aos personagens retratados em "The Lennon Report", os irmãos Francisco fizeram um longo trabalho de pesquisa.

"Entrevistamos enfermeiras, médicos e outras pessoas que nos disseram que estávamos fazendo o filme na hora certa", contou Gabriel à Folha, misturando inglês com um português carioca. O longa será lançado em dezembro de 2015, quando se completam 35 anos da morte.

Entre as histórias retratadas na ficção, está a do jornalista e apresentador de TV Alan Weiss, internado na ocasião no hospital Roosevelt, para onde Lennon foi levado. Graças ao acaso, Weiss deu o furo da notícia, recebendo um prêmio Emmy pelo trabalho.

Até agora os atores Kevin Dillon ("Entourage") e David Zayas ("Dexter") estão confirmados no projeto, o primeiro no papel de um policial chamado para o local onde os cinco tiros de balas calibre 38 foram disparados contra Lennon. A direção será de Jeremy Profe, que assina o roteiro com Walter Vincent.

HERÓIS E VILÕES

Ao menos dois outros filmes já foram feitos sobre a morte do músico: "The Killing of John Lennon" (2006) e "Capítulo 27" (2007).

Ambos foram criticados por retratar o assassino do ex-Beatle, Mark Chapman, como uma espécie de anti-herói perturbado, movido pelas palavras de J.D. Salinger em "O Apanhador no Campo de Centeio", cujo protagonista, Holden Caulfield, virou ícone da alienação e rebeldia adolescente.

O projeto dos irmãos, segundo eles, seguirá um rumo diferente. "Não queremos chamar a atenção para Chapman, porque já fizeram isso. Ele tem uma presença [no longa], mas é muito pequena", explica Rafael.

Já a viúva de Lennon, Yoko Ono, aparecerá com maior destaque. "Ela será retratada meio que como uma heroína."


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