Folha de S. Paulo


Ator e diretor Hugo Carvana morre aos 77 anos no Rio, vítima de câncer

Morreu neste sábado (4), por volta das 11h da manhã, o ator e diretor Hugo Carvana, aos 77 anos.

Carvana estava internado desde o último domingo (28) no Hospital Pró-cardíaco no Rio de Janeiro.

Segundo o hospital, o ator tinha um câncer no pulmão desde 1996. Ele chegou a se curar da doença, mas há seis meses o câncer voltou. Há pelo menos cinco anos, ele convivia também com o mal de Parkinson.

Nascido na capital carioca em 4 de junho de 1937, Carvana ficou conhecido do público da televisão por personagens como o jornalista Waldomiro Pena, protagonista do seriado "Plantão de Polícia" (Globo, 1979).

Trabalhou em mais de cem filmes e dirigiu nove, entre eles os premiados no Festival de Gramado "Vai Trabalhar Vagabundo" (1973), "Vai Trabalhar Vagabundo 2" (1991) e "Bar Esperança" (1983).

Carioca do bairro de Lins de Vasconcelos, na zona norte da capital fluminense, Carvana era um autodidata que abandonou a escola para trabalhar como office-boy em um laboratório.

Aos 18 anos, iniciou a carreira de ator interpretando chanchadas - ao todo, atuou em 22 produções do estilo, em um universo de mais de cem filmes.

Entre 1973 e 2011, Carvana produziu oito filmes. Em 1973, no auge da ditadura, atuou e dirigiu a primeira comédia, "Vai Trabalhar Vagabundo".

Seus filmes mais recentes, todos de comédia, foram "Não se Preocupe, Nada Vai dar Certo", com Gregório Duvivier, Tarcísio Meira e Mariana Rios, e "Casa da Mãe Joana" 1 e 2, com Juliana Paes, Malu Mader e José Wilker, também morto neste ano.

Como ator, trabalhou em mais de 30 novelas e 60 filmes, entre eles o clássico "Terra em Transe" (1967), de Glauber Rocha.

Das reuniões com grupos de esquerda organizados na resistência à ditadura militar, Carvana adquiriu consciência política, sendo atuante principalmente no movimento das "Diretas-Já", entre 1984 e 1985. Foi presidente da Fundação de Artes do Rio de Janeiro, Funarj, durante o governo Leonel Brizola (1983-1987).

Carvana foi ator de muitas novelas e especiais de televisão. Na Globo, participou de novelas como "Gabriela" (1975), "Roda de Fogo" (1986), "Celebridade" (2003) e "Paraíso Tropical" (2007), além de minisséries como "As Noivas de Copacabana" (1992), "Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados" (1995), "Chiquinha Gonzaga" (2003) e "JK" (2006).

O diretor estava em fase de pré-produção de um novo longa, que seria gravado no ano que vem. A comédia se passaria em um cruzamento de duas avenidas em Copacabana e teria Paulo Betti no elenco.

O corpo será velado no próximo domingo (5), a partir das 9h, no Parque Lage, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.


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