Folha de S. Paulo


Tony Bellotto recebe Paralamas na volta do 'Afinando a Língua'

Primeiro convidado a participar do programa "Afinando a Língua", há 15 anos, Herbert Vianna volta à produção apresentada por Tony Bellotto na abertura da temporada comemorativa, que vai ao ar nesta segunda (29), às 22h30, no canal Futura.

Desta vez, o músico se junta aos colegas de Paralamas do Sucesso, Bi Ribeiro e João Barone, e ao jornalista Arthur Dapieve, para falar sobre a música nos anos 1980.

"Você não consegue falar de redemocratização no Brasil sem falar de rock ao mesmo tempo", diz Dapieve.

Herbert Vianna lembra do show que os Paralamas fizeram no primeiro Rock in Rio, de 1985: "Era a gente sem nenhum cenário, sem nenhum truque de roupa."

No episódio, o grupo toca "Alagados", "Assaltaram a Gramática" e "Lanterna dos Afogados".

Divulgação
Da esq. para à dir., Arthur Dapieve, João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna, e o apresentador Tony Bellotto
Arthur Dapieve, João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna, e o apresentador Tony Bellotto

No comando da atração desde o início, Bellotto diz que até hoje não se acostumou com a função de apresentador, e confessa que fica tenso ao fazer as entrevistas diante das câmeras.

"Quando vai chegando a época de gravar eu fico com muita preguiça porque não tenho talento para ser apresentador", diz Bellotto. "Eu sempre me questiono, falo 'no ano que vem não vou fazer mais', mas quando eu chego é tão interessante."

Integrante do grupo Titãs e escritor, Bellotto conta que, nesses 15 anos, se emocionou com algumas entrevistas, como a que fez com Ferreira Gullar, poeta e colunista da Folha que foi um de seus ídolos na adolescência.

Com outros convidados, se surpreendeu. É o caso de Hyldon, autor de músicas como "Na Rua, na Chuva, Na Fazenda" e "As Dores do Mundo". "Fiquei surpreso com o conhecimento, com uma erudição que não esperava encontrar nele. Sempre achei que fosse um compositor mais intuitivo, mas vi que ele é um cara que não criou aquelas obras-primas por acaso", diz.

Nesse episódio, o músico divide o estúdio com o escritor Cristovão Tezza, autor de livros como "O Filho Eterno". "O Tezza é superrefinado. Teve uma hora que estava o Hyldon falando de literatura e o Tezza contando que fazia teatro numa comunidade nos anos 70."

Nesta temporada, a curadoria ficou a cargo de Lorena Calábria, que apresenta no mesmo canal o "Cine Conhecimento".Ela explica que, desta vez não um tema norteando a temporada, como já aconteceu com a de música romântica por exemplo.

A ideia de unir uma pessoa ligada a música e outra que escreve foi mantida. "Para cada dupla, sugeri um tema em comum para servir como fio da meada", conta Calábria.

Alguns são mais óbvios, como a cantora Adriana Calcanhotto e o poeta e letrista Antonio Cícero, de quem ela gravou uma composição.

Outra dupla reúne o músico Jorge Mautner e o escritor João Paulo Cuenca,

"Pode parecer que há um estranhamento, porque são pessoas de gerações diferentes, mas o João Paulo está fazendo o primeiro filme dele como diretor e o Mautner também já fez um filme. Então o mote era a palavra e a imagem"

Fernanda Takai e Antonio Prata aparecem juntos porque ambos são fãs do escritor Campos de Carvalho. Outras duplas entre os 12 episódios são Leo Jaime e Marcelo Rubens Paiva, Zé Renato e Zuenir Ventura, e Jards Macalé e Antonio Torres,

O "Afinando a Língua" ainda exibe ao longo do programa algumas "pílulas" de língua portuguesa relacionadas ao tema abordado. Há 15 anos, essa parte didática ocupava a maior parte da produção.

"Acho que o programa mudou bastante e essa é uma das razões de sua longevidade", diz Bellotto.

AFINANDO A LÍNGUA
QUANDO estreia da nova temporada nesta segunda, às 22h30, no canal Futura
CLASSIFICAÇÃO livre


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