Folha de S. Paulo


Nova série da Globo explora casais em crise

"Isso não é uma história de amor", avisa Claudio (Enrique Díaz) à amante Telma (Mariana Loureiro), que foi procurá-lo durante a celebração das bodas dos pais dele e ameaçou fazer escândalo.

A cena, cuja gravação a Folha acompanhou, é um dos primeiros indícios de que nem tudo está bem entre os casais de comercial de margarina de "Felizes para Sempre", que estreia em 2015 na Globo.

De fato, a história começa com cinco pares aparentemente felizes e termina em crime passional. Quem matou e quem morreu é um dos segredos mais bem guardados da produção, releitura da missérie "Quem Ama Não Mata" (1982), de Euclydes Marinho.

"Até que provem o contrário, todo mundo é capaz de tudo", avisa Adriana Esteves, que vive a cirurgiã plástica Tânia em seu primeiro papel na TV desde a Carminha de "Avenida Brasil" (2012).

Divulgação/TV Globo
Adriana Esteves e Bruno Giordano (de costas) durante gravação da série 'Felizes para Sempre', da Globo
Adriana Esteves e Bruno Giordano (de costas) durante gravação da série 'Felizes para Sempre'

A nova personagem, que ela diz não poder ser classificada como vilã ou mocinha, "tem alguns segredinhos". Casada com Hugo (João Miguel), esconde do marido que toma pílulas para não engravidar. Ao longo da trama, também se envolve com David (Bruno Giordano).

Lá pelas tantas, o marido descobre que é infértil, apesar de os dois já terem um filho. "Hugo é um homem apaixonado, mas o mundo dele cai", avalia João Miguel.

Outros três casais são formados por familiares dele. Claudio, que abre este texto e é casado com Marília (Maria Fernanda Cândido), é seu irmão mais velho. Também aparecem os pais dele, Dionísio (Perfeito Fortuna) e Norma (Selma Egrei), e o irmão mais novo, Joel (João Baldasserini), que está se divorciando de Susana (Carol Abras).

O quinto casal é formado por Denise (Paolla Oliveira) e Daniela (Martha Nowill). A primeira, que é uma garota de programa de luxo, vai circular entre os diversos casais.

"A personagem entra nessa família e faz um estrago", adianta Fernando Meirelles, que assina a direção ao lado de Luciano Moura, Rodrigo Meirelles e Paulo Morelli.

Tânia também aparecerá correndo —seu hobby— em Brasília. A equipe usou um drone para filmá-la, por exemplo, cruzando a Ponte JK.

"Foi o tempo todo gritando: Corra, Adriana, corra!'", brinca Meirelles, de quem partiu a ideia de usar a capital federal como cenário —o autor queria que a série se passasse em Niterói, no Rio.

"O Rio é muito visto, não tem ângulo novo", argumenta. "Brasília nunca foi cenário de nada importante na TV. E eu acho a cidade linda. O tal de Oscar [Niemeyer] não era fraco, não."

"Você se sente pequenininha na frente dos monumentos, das praças...", concorda Esteves.

O interior do consultório da Tânia teve como locação a casa paulistana avaliada em cerca de R$ 180 milhões de Edemar Cid Ferreira, condenado a 21 anos de prisão por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e gestão fraudulenta no caso do Banco Santos.

Um amigo de Meirelles administra a propriedade para o grupo de credores do ex-banqueiro. "Perguntei se poderíamos usar a casa em uma produção", conta o diretor.

Os credores concordaram para amortizar os custos de manutenção, avaliados em R$ 60 mil mensais, e para dar visibilidade ao imóvel, que espera liberação da Justiça para ser vendido.


Endereço da página: