Folha de S. Paulo


Bandolinista Ronen Altman reúne turma em CD solo

Bandolinista desde os 12 anos, Ronen Altman, 46, mineiro radicado em São Paulo, decidiu fazer do seu primeiro disco solo uma celebração entre amigos. Apesar de assinar sozinho na capa, a lista de nomes de participantes nos créditos das músicas é longa. Altman envolveu mais de 30 músicos na gravação.

Não por acaso, o título escolhido é "Som do Bando", nome que faz também uma brincadeira com o apelido do instrumento.

Na turma reunida estão nomes de peso da música instrumental brasileira: Dori Caymmi, Heraldo do Monte, Renato Borghetti e Yamandu Costa, entre outros.

Anita Kalikies/Divulgação
O bandolinista Ronen Altman
O bandolinista Ronen Altman

Como arranjadores, participam, além de Caymmi e Borghetti, André Mehmari, Edson José Alves, Fernando Corrêa, Gilson Peranzzetta, Laércio de Freitas, Nailor Proveta e Tiago Costa.

"Foi emocionante gravar com eles, porque percebi que todo o meu bando é meu bando mesmo. Todo mundo entrou no estúdio com muita alegria. O Borghetti e o Yamandu pegaram avião só para vir gravar em São Paulo. Em nenhum momento, ninguém perguntou quanto é?'", conta e ri Altman.

Também em clima de turma, o lançamento do disco ocorre nesta terça-feira (23), às 21h, no bar Mundial, na Vila Madalena. Haverá pocket show com canjas de alguns do bando (leia abaixo).

SOPROS

Se a ideia de fazer um CD surgiu há mais de dez anos, para "deixar um carimbo na vida", a forma desejada para o trabalho só veio após escutar o disco "Vanguarda" (1972), do Quinteto Villa-Lobos com Luizinho Eça.

"Ouvi e fiquei louco, porque é só o Luizinho no piano com o quinteto de sopros", lembra. Para Altman, em "Som do Bando", o seu quinteto entrou com a função de dar unidade ao álbum.

"Fazer um disco com um quarteto de cordas seria fazer só mais um disco de bandolim. Gosto dessa outra sonoridade. Não estou preocupado em aparecer como solista. Quero fazer música que emocione, que as pessoas possam ouvir sem precisar ser entendidas", diz ele, um dos fundadores da Orquestra Popular de Câmara, com quem gravou dois CDs.

O critério emocional também dirigiu a escolha do repertório. Das 14 faixas, cinco são de autoria de Altman –uma delas, "Nanai", em parceria como Celso Viáfora. As demais escolhidas vieram em função da relação que o músico tem com os seus autores.

"Esperando a Feijoada', por exemplo, de Heraldo do Monte, eu toquei com ele no lançamento dela. Devia ter uns 15 anos. Não poderia deixar de gravá-la agora."

Apesar da reverência aos amigos, em "Som do Bando", algumas composições ganharam outra cara, caso de "Turma Toda", de Arismar do Espírito Santo. "Ficou lenta. Na versão original, o pessoal quebra tudo e é maravilhoso, mas eu gosto assim também, porque valoriza a melodia."


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