Folha de S. Paulo


Cartunista criadora do 'teste Bechdel' leva prêmio por carreira

A cartunista americana Alison Bechdel, criadora do chamado "teste Bechdel", que questiona o papel das mulheres no cinema, é uma das ganhadoras do prêmio MacArthur, entregue pela fundação de mesmo nome a 21 pessoas que se destacam em seus campos de atuação.

Bechdel, 54, é conhecida por suas graphic novels "Você é minha Mãe" e "Fun Home: A Family Tragicomic", mas seu nome ganhou reconhecimento ao propor o teste em uma de suas tirinhas de 1985, sob o título "The Rule" (a regra).

Segundo a regra, para avaliar como um filme trata os gêneros, é necessário responder a três perguntas: a história tem duas personagens mulheres? Elas falam uma com a outra? Elas falam sobre algum assunto que não seja homens?

O teste se popularizou a partir do momento em que foi constatado que muitas produções de Hollywood não passavam por ele.

Michael Rhode/Wikimedia Commons
A cartunista americana Alison Bechdel
A cartunista americana Alison Bechdel

O prêmio MacArthur leva em consideração a carreira e o potencial de seus escolhidos e é uma das mais prestigiadas condecorações entregues a artistas e acadêmicos nos EUA. Os premiados recebem o valor de US$ 625 mil (R$ 1,45 milhão) ao longo de cinco anos, que podem ser utilizadas da forma como escolherem.

"Vai me dar muita segurança que não tenho hoje. Pagar umas dívidas, salvar para a aposentadoria, essas coisas chatas", disse Bechdel ao jornal "Los Angeles Times". "Mas também vai me permitir correr alguns riscos, fazer algo novo. É um presente incrível."

Bechdel é a segunda cartunista a receber a condecoração, depois de Ben Katchor, premiado em 2000.

Segundo apontou o "New York Times", entre os 21 premiados deste ano, a mais velha é a historiadora de ciência e tecnologia Pamela O. Long, de 71 anos, e a mais nova é a física Danielle S. Basset, de 32. Entre os homenageados está também o cineasta Joshua Oppenheimer, que se destacou recentemente no Festival de Veneza com seu documentário "The Look of Silence", sobre o genocídio na Indonésia da década de 1960. Ao todo, a fundação homenageou cineastas, ativistas, poetas e cientistas.


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