Folha de S. Paulo


Seriado 'Sexo e as Negas' é investigado após denúncias de racismo

A Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) da Presidência da República abriu um procedimento administrativo para investigar o seriado "Sexo e as Negas", que tem estreia marcada para próxima terça-feira (16) na Globo.

Por meio de sua ouvidoria, o órgão federal diz ter recebido, até a manhã de quinta-feira (11), 11 denúncias a respeito de conteúdos considerados racistas e discriminatórios com relação ao programa.

Críticas ao nome e ao conteúdo da série também tem sido constantes na internet. A trama, escrita por Miguel Falabella, trata de quatro amigas –todas negras– que moram no subúrbio do Rio.

"A Ouvidoria da Igualdade Racial vê com estranheza e preocupação qualquer tipo de manifestação que reproduza estereótipos racistas, machistas, que se alicerce na sexualidade das mulheres negras, ou venha a reforçar ideias de inferioridade dessas mulheres", afirmou o titular do órgão, Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior, em nota à imprensa.

Além de solicitar mais informações à Globo, a Seppir remeteu o caso ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro. Por meio de sua assessoria de comunicação, o MPF-RJ confirmou ter recebido a denúncia, que está sendo analisada pela procuradora Ana Padilha. Caso entenda que há alguma irregularidade ou crime, ela deve instaurar um inquérito.

OUTRO LADO

Procurada pela Folha, a Globo disse que não recebeu até o momento qualquer ofício questionando o nome ou o conteúdo do programa. Disse ainda que "Sexo e as Negas" é "um programa de ficção que tem como principal objetivo entreter e divertir o telespectador".

"As manifestações populares são livres, e a Globo respeita a diversidade", afirmou a emissora por meio de sua comunicação. "O programa, que não estreou ainda, traz uma abordagem leve e bem humorada do universo feminino."

"Elas podiam ser médicas e morar em Ipanema, mas não é esse meu universo na essência, como autor", afirmou Miguel Falabella em uma rede social. "Não sou Ipanemense. Sou suburbano, cresci com a malandragem nos ouvidos. Portanto, as minhas personagens são camareiras, cozinheiras, indicadoras de mesas, operárias. E desde quando isso diminui alguém?"

"São negras, são pobres, mas cheias de fantasia e de amor", disse sobre as personagens. "Vai dizer agora que eu sou racista? Ah! Nega... Dá um tempo..."


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