Unidos e ouriçados há quase 14 anos, os Silva pirraçam e catucam pela última vez nesta quinta-feira (11), quando a Globo exibe o último dos quase 500 episódios de "A Grande Família".
A série, que começou como remake, ganhou vida própria e se tornou a mais longeva da TV brasileira. Entre os programas de dramaturgia no ar, só perde para "Malhação", que começou em 1995.
"Viemos nos despedindo esses meses todos [do último ano]", diz Marieta Severo, que vive a mãezona Nenê. "A gente sabia, se olhava durante as cenas e tinha essa consciência de que estava terminando e íamos nos separar."
Para a redatora final da série, Adriana Falcão, um dos trunfos do programa foi se transformar ao longo dos anos. "Quem assiste à segunda temporada hoje, vê que é muito diferente", compara. "Tem a ver com o contexto histórico, mas também com as mudanças na própria equipe de roteiristas."
| Paula Giolito/Folhapress | ||
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| O elenco de 'A Grande Família' durante a gravação do último episódio da série |
O gás novo era aliado à observação da realidade para manter os textos atuais. "Quando pensava que as piadas tinham se esgotado, sempre surgia um fato novo que ia trazendo novas situações."
"Às vezes fomos elogiados e às vezes, avacalhados, mas chegamos até o final com compostura", concorda Marco Nanini, que vive o patriarca Lineu.
O ator conta que a convivência do elenco foi harmônica e que continuaria na série se houvesse mais temporadas. "Tivemos brigas —algumas públicas e outras não—, mas sempre houve bom senso", afirmou. "É uma vitória da rotina."
O diretor-geral, Luis Felipe Sá, confirma que o desgaste do elenco não foi o principal motivador do final da série. A audiência, que nesta temporada se mantém na casa dos 20 pontos, também não.
"Não foi uma decisão repentina, foi tomada ao longo do tempo", afirma. "Não queríamos deixar o programa morrer, queríamos fazer o nosso final."
O final deles será em forma de metalinguagem. Na trama, a Globo decide fazer uma série inspirada nos Silva e escala um elenco de estrelas para viver seus papéis. Tony Ramos e Glória Pires vivem Lineu e Nenê, por exemplo.
Segundo Sá, o último episódio "abre um olhar sobre o programa em forma de homenagem, sem falar exatamente de fim". "E quase deixa a ideia de que tudo pode recomeçar", diz. E pode? "Já aconteceu uma vez, quem sabe", despista.
Para Nanini, o último episódio expõe a força dos tipos da série. "O ator pode ser substituído, mas os personagens não são perecíveis", diz. "É um programa com muitas camadas, que fala também de personagens que estão aí para serem possuídos por outros atores", concorda Severo. "Eles estão além de nós, ficarão para sempre."
NA TV
A Grande Família
Exibição do último episódio
QUANDO quinta-feira (11), às 22h30, na Globo
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
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HISTÓRICO FAMILIAR
1972 a 1975 - Vai ao ar a primeira versão na Globo
1987 - Canal exibe especial sobre como estavam os Silva 15 anos depois (Pedro Cardoso fazia o papel do novo namorado de Bebel)
2001 - Estreia a nova versão
2002 - Série passa a contar com episódios inéditos e ganha cidade cenográfica
2003 - Morre Rogério Cardoso, intérprete do Seu Flor, pai de Nenê
2005 - Morre Francisco Milani, que interpretava o tio Juvenal desde 2003
2007 - Lançamento de "A Grande Família - O Filme"
2008 - Seriado vira o primeiro gravado em HD da Globo, e Pedro Cardoso é indicado ao Emmy Internacional
2010 - Temporada volta sem Andréa Beltrão, que fazia a cabeleireira Marilda
2012 - Lineu fica quatro anos em coma; ao acordar, o neto Florianinho (Vinícius Moreno) já é pré-adolescente
2013 - Música de abertura deixa de ser cantada por Dudu Nobre e passa para Ivete Sangalo; este ano, está com Zeca Pagodinho