Folha de S. Paulo


Empresário calcula guardar 5 milhões de discos em casa e em galpões em SP

Ao manusear o disco "Roberto Carlos Canta para a Juventude" (1965), o colecionador de vinis Zero Freitas, 60, leva um susto: o exemplar é quase idêntico ao que tem em casa, com selo da mesma loja onde comprou aos 11 anos seu primeiro vinil, no Ipiranga, zona sul de São Paulo.

"Meu Deus. Que louco. Não pode ser. O meu está em casa, não tem esses três pontinhos aqui", diz, examinando detalhes de uma das 31 cópias do disco que ele guarda.

Há vários vinis repetidos em sua coleção. Não surpreende, já que ela é formada por cerca de 5 milhões de discos do mundo inteiro, segundo diz.

A existência da coleção de Zero em São Paulo foi revelada pelo jornal "The New York Times" na semana passada. Desde então, o brasileiro diz ter recebido uma "chuva de pedidos" de pessoas querendo ouvir discos e gente interessada em lhe vender vinis.

Zero é o apelido de José Roberto Alves Freitas, músico formado pela Escola de Comunicação e Artes da USP, que investe em imóveis em São Paulo e é dono da Transportadora Benfica, que opera linhas municipais e escolares na Grande São Paulo.

Num galpão na Vila Leopoldina, zona oeste, estão 500 mil discos —metade está catalogada. Outro armazém, na Lapa, abriga 4,5 milhões de vinis. E 90 mil ficam em casa.

Doze estagiários catalogam cerca de 500 vinis por dia. Se não adquirir mais discos, Zero conseguirá catalogar tudo em 25 anos. Mas ele diz que tem uma "compulsão" e não pretende parar de comprar.

Ele não pretende digitalizar o acervo. Só fará isso com algumas gravações, cobrando pelo serviço. A ideia é receber pedidos daqui a um ano. Os discos não deixariam o galpão, fechado "por segurança".


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