Folha de S. Paulo


Cortes e deficit milionário atingem a maior casa de ópera do mundo

O ex-barbeiro Fígaro e sua noiva Susanna poderão enfrentar mais obstáculos do que os avanços indesejados de um conde na nova montagem de "As Bodas de Fígaro" no MET, em Nova York.

A ópera de Mozart está programada para abrir a temporada 2014-2015 do Metropolitan Opera, em 22 de setembro, mas o início das apresentações está ameaçado por uma crise financeira que pode paralisar, pela primeira vez em mais de três décadas, as atividades de uma das maiores casas de ópera do mundo.

Diante de um deficit de US$ 2,8 milhões (R$ 6,3 mi) na temporada 2012-2013 e da previsão de um prejuízo "expressivamente maior" na temporada encerrada no mês passado, a direção do MET propôs cortes de cerca de 17% nos salários e redução de alguns benefícios.

Timothy A. Clary/AFP
Espectadores na plateia do Metropolitan Opera, em Nova York
Espectadores na plateia do Metropolitan Opera, em Nova York

IMPASSE

A proposta foi recusada inicialmente pelos 16 sindicatos de trabalhadores do local, e o diretor-geral do MET, Peter Gelb, ameaçou impedir músicos e outros funcionários sindicalizados de trabalhar se não aceitassem o acordo. O impasse segue.

O caso da ópera metropolitana de Nova York não é isolado. Para especialistas, é resultado de uma crise, entre instituições americanas de música erudita, do modelo de financiamento que tem por base doações e bilheteria.

"O declínio no número de associados e doadores e o aumento dos custos de produção colocaram essas companhias num buraco", observa Stephen Mihm, especialista em história cultural da Universidade da Geórgia.

Outros casos recentes incluem a Orquestra de Minnesota, que voltou a se apresentar no início deste ano após 16 meses parada por disputas trabalhistas, e a Ópera de San Diego, que quase fechou as portas no primeiro semestre por uma drástica queda na bilheteria e nas doações.


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