Folha de S. Paulo


Temporadas de teatro ficam menores em São Paulo e prejudicam público

Se você está de olho em uma peça, não espere muito para ir vê-la, porque as temporadas de espetáculos estão encolhendo em São Paulo

A duração média das principais estreias das últimas quatro semanas é de 38 dias, conforme a previsão inicial. Dependendo do sucesso, o período pode ser ampliado.

Dois anos atrás, a previsão inicial para uma peça ficar em cartaz era de 47 dias. "A Falecida", com direção de Marco Antônio Braz, por exemplo, estreou em 6 de julho de 2012 para deixar os palcos em 2 de dezembro.

Uma explicação para o fenômeno é a de que o custo de produção da peça se descolou da receita dos ingressos. "As leis de incentivo resultam numa diminuição de duração de temporadas", diz Leandro Knopfholz, diretor do Festival de Teatro de Curitiba.

Editoria de Arte/Folhapress

Há um descompromisso de produtores com o público e a bilheteria, já que a maioria dos espetáculos é viabilizada via Lei Rouanet, quer dizer, a produção já está paga, tanto faz se é sucesso ou não.

No último mês, seis peças estrearam para ficar menos de um mês em cartaz (veja acima), e só dois espetáculos incluídos no "Guia da Folha" tiveram previsão inicial de mais de dois meses de duração.

A agente de turismo Paula Monteiro, 28, conta: "Queria muito ver a ópera 'Carmen', que esteve no Municipal em junho. Foi impossível".

Knopfholz lembra que não só as temporadas encurtaram como o número de sessões semanais caiu. "Em vez de ter peça de quarta a domingo, como no passado, hoje tem de sexta a domingo", diz.

Ele diz que a relação entre espectador e espetáculo está mais fria. "Quem produz não vê o que o público quer como atração. Isso se reflete na duração das temporadas."

Segundo Knopfholz, os teatros dependem muito de novidades, deixando de lado a qualidade e a constância de seus espetáculos.


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