Folha de S. Paulo


Corpo de João Ubaldo Ribeiro é velado por familiares e amigos na ABL

A mulher do escritor João Ubaldo Ribeiro, Berenice, e dois de seus quatro filhos, Francisca e o ator e músico Bento, chegaram por volta das 13h30 desta sexta (18) ao velório do membro da Academia Brasileira de Letras.

Berenice e Francisca estavam em casa quando Ubaldo passou mal e morreu, vítima de uma embolia pulmonar, nesta madrugada.

Bento, que mora em São Paulo, chegou ao Rio pela manhã. As duas filhas do primeiro casamento do escritor, Emilia e Manoela, ainda não chegaram ao Rio. Emília, que mora em Salvador, é esperada nesta sexta. Manoela vive em Munique, na Alemanha, e desembarca no Rio na manhã de sábado (19).

Marcelo de Jesus/UOL
Mulher de João Ubaldo Ribeiro, Berenice, e o filho do escritor, Bento, no velório na ABL, no Rio
Mulher de João Ubaldo Ribeiro, Berenice, e o filho do escritor, Bento, no velório na ABL, no Rio

Companheiros de João Ubaldo na Academia Brasileira de Letras, vários imortais (como são chamados os membros da ABL) já estiveram no velório. Entre eles, José Murilo de Carvalho, Antônio Torres, Alberto Venâncio, Murilo Mello Filho, Arnaldo Niskier, Evanildo Bechara, Domício Proença Filho e Sérgio Paulo Rouanet.

O corpo de Ubaldo será enterrado na manhã de sábado no mausoléu da ABL, no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da cidade.

Na próxima quinta (24) será realizada na ABL uma sessão solene em homenagem a Ubaldo.

VIDA E OBRA

Autor de clássicos da literatura nacional como "Viva o Povo Brasileiro" e membro da Academia Brasileira de Letras, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro morreu aos 73 anos nesta sexta (18), vítima de uma embolia pulmonar, em sua residência no Leblon, zona sul do Rio.

Nascido na ilha de Itaparica (BA) em 23 de janeiro de 1941, Ubaldo formou-se em direito na Universidade da Bahia, mas jamais exerceu a profissão. Escreveu seu primeiro livro, "Setembro Não Tem Sentido", aos 21 anos. O segundo foi "Sargento Getúlio" (1971), uma de suas obras mais célebres, que lhe deu seu primeiro prêmio Jabuti, em 1972 - o segundo viria por "Viva o Povo Brasileiro".

Os regionalismos presentes na obra "Sargento Getúlio", expressões dos costumes e cultura do Sergipe, dificultaram a tradução da obra para inglês, trabalho que acabou sendo feito pelo próprio autor.

Ubaldo também trabalhou como jornalista no "Jornal da Bahia" e do "Tribuna da Bahia", além de colaborar com diversos jornais no Brasil e no exterior, como a Folha, o alemão "Frankfurter Rundschau" e o inglês "The Times Literary Supplement". Atualmente, ele era colunista dos jornais "O Globo" e "O Estado de S.Paulo", dentre outros.

Vários de seus livros foram traduzidos para o alemão e para mais de outros 15 idiomas.

Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 7 de outubro de 1993, tornando-se o sétimo ocupante da cadeira nº 34, na sucessão de Carlos Castello Branco.

Em 1999, foi um dos escritores escolhidos para dar depoimento ao jornal francês "Libération", sobre o terceiro milênio.

Em 2008, foi o oitavo escritor condecorado com um Prêmio Camões, principal premiação da língua portuguesa.

Ele morou em Berlim entre 1990 e 1991, a convite do Instituto Alemão de Intercâmbio (DAAD - Deutscher Akademischer Austauschdienst). No ano passado, durante a na Feira do Livro de Frankfurt, da qual participou, disse sentir "um vínculo cultural com a Alemanha".


Endereço da página:

Links no texto: