Folha de S. Paulo


Primeiro clube no país quer vender vinil a custo menor

Em forma de clube, os brasileiros entusiastas dos discos de vinil poderão passar a receber na porta de casa lançamentos e edições exclusivas por um preço reduzido.

A iniciativa, a primeira deste tipo no Brasil, é liderada pela revista de música "Noize", publicação independente feita em Porto Alegre. O projeto é inspirado em clubes que já funcionam nos Estados Unidos e na Europa.

O modelo, aliás, já ajudou a escrever parte da história do rock. No final dos anos 1980 e no início dos 1990 serviu para difundir a cena grunge de Seattle (EUA) entre assinantes de um clube da gravadora Sub Pop. Assim, saíram algumas das primeiras gravações do Nirvana e do Mudhoney, entre outros.

Por aqui, a iniciativa gaúcha funciona com assinatura a R$ 68 o trimestre, intervalo em que sairá cada disco. O primeiro, que deve chegar aos inscritos ainda no fim deste mês, é "Antes que Tu Conte Outra", álbum mais recente da banda de rock Apanhador Só, inédito no formato. A tiragem é de 350 cópias.

O próximo lançamento ainda não foi divulgado. Segundo a organização, podem-se esperar discos inéditos no formato e reedições de álbuns raros esgotados.

Mais caro, por R$ 88, será possível comprar também cada número avulso. Ainda assim, o valor é atrativo para os colecionadores: em lojas tradicionais, os lançamentos brasileiros em vinil costumam partir de cerca de R$ 80, fora o custo de entrega. No clube, o frete está incluso no preço do disco.

"Vamos fazer o mesmo valor para todo o Brasil. Não teremos margem de lucro nesta fase. Queremos que o projeto se pague e, depois, com mais assinantes, poderemos baixar os custos de produção das prensagens", diz a editora, Maria Joana de Avellar.

Além do disco, o inscrito receberá uma revista com reportagens relacionadas ao artista e à temática do álbum. "É uma leitura complementar. O vinil exige essa experiência de degustação: parar, escutar os dois lados, ler."

O atual principal clube americano também se destaca pelos complementos dos seus discos, enviados mensalmente, a um custo de cerca de R$ 90 mensais.

O Vinyl Me Please (vinylmeplease.com), criado em janeiro de 2013, manda junto dos bolachões receitas de drinques e ilustrações. Tudo para "valorizar a experiência", diz Matt Fiedler, cofundador da empresa, que tem cerca de 1.700 assinantes e entrega em 25 países, inclusive no Brasil.

"No vinil, você não pode acelerar as faixas, pular, repetir. Tem que ouvir o disco exatamente do jeito que o artista o criou", avalia Fiedler, que lança especialmente bandas de rock e pop indie. Os lançamentos são anunciados um mês antes aos assinantes.

Já no nicho da música eletrônica, uma iniciativa recente portuguesa aposta na surpresa. O That Special Record (thatspecialrecord.com), criado há quatro meses em Lisboa, nunca conta qual será o próximo número.

"Até hoje, nunca tivemos nenhum pedido de devolução", conta Miguel Ferreira, fundador do serviço, ainda pequeno, com 50 membros em todo o mundo.

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BOLACHÃO POR CORREIO
Como funcionam o primeiro clube brasileiro de vinil e o principal serviço do tipo nos EUA

Divulgação
Capa do disco 'Antes que Tu Conte Outra', do Apanhador Só

NOIZE RECORD CLUB (Brasil)

Preço
R$ 272/ano, ou R$ 88 a edição avulsa

Periodicidade
Trimestral

Número de assinantes
Para a primeira edição, serão aceitos até 350

Lançamento mais recente
"Antes que Tu Conte Outra", da banda gaúcha Apanhador Só (a sair no fim deste mês)

Cidade-base
Porto Alegre

VINYL ME PLEASE (EUA)

Divulgação
Capa do disco 'Sylvan Esso', da banda americana Sylvan Esso

Preço
De US$ 37 (R$ 82) a US$ 44 (R$ 98)/mês para assinantes de fora dos EUA (mais impostos)

Periodicidade
Mensal

Número de assinantes
1.700, aproximadamente

Lançamento mais recente
"Sylvan Esso", da banda americana Sylvan Esso

Cidade-base
Boulder (Colorado)


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