Folha de S. Paulo


'O movimento humano não tem mais nada de novo', diz Min Tanaka

O bailarino japonês Min Tanaka, 69, que apresentará seu espetáculo "Locus Focus" em São Paulo nos dias 15 e 16, no Sesc Consolação mora em uma fazenda na zona rural do Japão, onde pratica agricultura orgânica. De lá, deu essa entrevista por e-mail à Folha.

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Folha - Como o butô influencia o seu trabalho?
Min Tanaka - Butô é Tatsumi Hijikata, não essa coisa que tem sido chamada de butô.

Por que Hijikata chamou seu trabalho de "dança das trevas" ("ankotu butô")?
Isso aponta para as trevas humanas e para a história desse tempo de trevas. Não é uma questão pessoal de Tatsumi Hijikata.

Quanto há de butô no espetáculo "Locus Focus"?
Não quero um método preestabelecido. O movimento humano não tem mais nada de novo, tudo já foi mostrado. Você não acha?

Annie Leibovitz
Retrato do bailairino japones Min Tanaka feito pela fotógrafa americana Annie Leibovitz em 2004
Retrato do bailairino japones Min Tanaka feito pela fotógrafa americana Annie Leibovitz em 2004

Por que o sr. fundou uma fazenda de agricultura orgânica?
O corpo não deve perder o que é humano e faz parte da história da humanidade.

Como o trabalho na fazenda está ligado a sua dança?
Está ligado porque isso sou eu. É uma necessidade, mas também é algo que imponho a mim mesmo. Mas não faço isso pela "arte".

Como a dança influencia o seu trabalho como ator?
Como expressão humana, portanto como algo que existe antes da "arte".

Qual a diferença entre apresentar "Locus Focus" em um lugar aberto, como o sr. já fez várias vezes, ou em um lugar fechado, como será em São Paulo?
Eu não danço EM um lugar, eu danço O lugar, que tem uma história e um tempo que não é o meu. O nome do projeto ("Locus Focus", foco no lugar) é uma motivação para mim, mas não para ter um significado demonstrado diretamente por palavras.


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