Folha de S. Paulo


Quatro destaques da arte para você escolher entre França e Alemanha

A competição fica cada fez mais acirrada no gramado, e na cultura também.

Para quem a esta altura do campeonato ainda não sabe se vai torcer para Alemanha ou França, aqui vai uma ajudinha. Inspirada na coluna de Antônio Prata, a "Ilustrada" selecionou quatro destaques culturais de cada país para você escolher o seu preferido.

França e Alemanha se enfrentam nas quartas de final da Copa do Mundo nesta sexta (4), às 13h.

Melhor cineasta da atualidade: Wim Wenders x Leos Carax

Se a competição fosse feita há algumas décadas, a França talvez ganhasse de lavada com nomes como Louis Malle, François Truffaut e Jean-Luc Godard. Para tornar a disputa mais interessante, porém, escolhemos nomes mais recentes, o que praticamente vira o jogo aos 45 minutos do segundo tempo —algo de praxe nesta Copa.

O alemão Wim Wenders é um dos diretores mais pop da atualidade. Seu currículo vai de documentários musicais ("Buena Vista Social Club", 1999) ao mais puro drama ("Asas do Desejo", de 1987), passando pelo clássico "Paris, Texas" (1984), uma constante nas listas de "filmes que você precisa ver". Wenders ainda ganha pontos extras pelo seu mais recente filme, "The Salt of the Earth", um documentário sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, aplaudido de pé no Festival de Cannes deste ano.

Mas para não desmerecer a tradição, a França não faz feio. Nos últimos anos apresentou nomes como Jacques Audiard ("Ferrugem e Osso"), o franco-tunisiano Abdellatif Kechiche ("Azul é a Cor Mais Quente") e Leos Carax (ou Alex Oscar Dupont), responsável pelos filmes "Holy Motors" (2012), "Os Amantes de Pont-Neuf" (1991) e "Sangue Ruim" (1986).

Melhor música eletrônica: Kraftwerk x Daft Punk

Se no cinema a Alemanha virou o tabuleiro, a França surpreendeu nos últimos anos com a música eletrônica, confundindo os frequentadores de Berlim, considerada a capital do gênero.

O duo francês Daft Punk dominou as paradas de sucesso dos últimos tempos com o hit "Get Lucky". Sem nunca tirar o capacete, os músicos Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo venceram cinco categorias na 56º edição do Grammy, em janeiro deste ano —com direito a tirar Paul McCartney, Ringo Starr e Yoko Ono da cadeira para dançar durante a apresentação da dupla na cerimônia.

Os vizinhos alemães entram na disputa com um time veterano: o grupo Kraftwerk, formado na década de 1970. Considerados os precursores da música eletrônica, os alemães continuam na ativa (embora com outra formação) e a criação do grupo ressoa até hoje nas composições de seus discípulos, seja em Berlim ou além-fronteiras.

Melhor dramaturgo: Bertolt Brecht x Molière

Agora a disputa fica mais complicada, com um nome de peso em cada lado do campo. O alemão Bertolt Brecht (1898-1956) é uma das maiores figuras da dramaturgia. Criador da Companhia Berliner Ensemble, seu trabalho influenciou profundamente o teatro contemporâneo. Entre suas peças, usadas como ferramenta de conscientização política, destacam-se " Mãe Coragem e Seus Filhos", " A Ópera dos Três Vinténs" e "Don Juan".

Já seu rival vem de outro século, Jean-Baptiste Poquelin, o Molière (1622-1673), é o grande nome do teatro francês. Expoente da comédia satírica, o dramaturgo enfrentou as imposições morais de sua época, e mesmo denunciando os costumes da sociedade francesa de então, caiu nas graças do rei Luís 14.

Reprodução
Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, e Molière, dramaturgo francês
Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, e Molière, dramaturgo francês

Melhor filósofo existencialista: Martin Heidegger x Jean-Paul Sartre

Difícil dizer qual nação filosofou mais sobre a vida e a existência humana na história do pensamento. Se o alemão Martin Heidegger (1899-1976) serviu de influência para Sartre (1905-1980), o francês foi responsável por popularizar a doutrina filosófica nos anos 1950 e 1960, com sua militância política.

Sartre, que era casado com a escritora feminista Simone de Beauvoir, recusou um Prêmio Nobel em 1965, apoiou os estudantes franceses nas revoltas de 1968 e passou um mês em Cuba na companhia de Che Guevara em 1960, mesmo ano em que, ao lado de sua mulher, visitou o Brasil a convite de Jorge Amado.

Divulgação
O filósofo alemão Martin Heidegge e o francês Jean-Paul Sartre
O filósofo alemão Martin Heidegge e o francês Jean-Paul Sartre

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