Folha de S. Paulo


Monty Python se reúne após 31 anos em show criticado pela imprensa

O grupo de humoristas britânico Monty Python abriu nesta terça-feira (1º) sua série de dez apresentações em Londres, que marca a reunião de seus cinco membros vivos após 31 anos.

John Cleese, Terry Gilliam, Terry Jones, Eric Idle e Michael Palin (o sexto Python, Graham Chapman, morreu em 1989) subiram ao palco da O2 Arena, na capital inglesa, para encenar mais uma vez os esquetes cômicos que se tornaram famosas mundialmente após serem apresentadas em seu programa de TV, na década de 1970.

Até as animações clássicas do grupo, feitas por Gilliam para o programa, foram exibidas em telões entre uma cena e outra, ao longo das duas horas e meia de apresentação.

Dave J Hogan/Getty Images
John Cleese (esq.) como o papa, cercado por freiras, e Eric Idle caracterizado como Michelangelo
John Cleese (esq.) como o papa, cercado por freiras, e Eric Idle caracterizado como Michelangelo

Em menor escala, havia também referências aos filmes lançados pelo Monty Python ao longo da carreira, como "Em Busca do Cálice Sagrado" (1975), "A Vida de Brian" (1979) e "O Sentido da Vida" (1983).

Além disso, os comediantes apresentaram canções já conhecidas do público, como "Isn't It Awfully Nice to Have a Penis?" e "Every Sperm Is Sacred" —essa culminando com dois canhões "ejaculando" em cima das primeiras fileiras da plateia. Outro hit, "Always Look on the Bright Side of Life", foi cantado em uníssono pela plateia.

Duas participações especiais chamaram a atenção: a do ativista Stephen Fry, em pessoa, e a do físico Stephen Hawking, numa gravação em vídeo.

No entanto, justamente pelo fato de se apoiarem exclusivamente em material já conhecido, a crítica não perdoou os comediantes.

RECEPÇÃO DA IMPRENSA

O jornal britânico "The Guardian" publicou que algumas das piadas "envelheceram", embora tenha ressaltado que é preciso "ter um coração de pedra" para não rir delas.

"Se o Abba voltasse, ninguém iria querer que eles deixassem de tocar 'Dancing Queen' para apresentar composições que não emplacaram na época", diz o texto do jornal.

"No geral, o show não é ruim. Ele dá exatamente ao público o que ele quer, mas confia demais no amor dos fãs."

Na mesma linha, o "The Independent" recebeu mal a apresentação e classificou-a de "fofa, levemente rude, inofensiva e disponível em DVD".

Daniel Leal-Olivas/Efe
Da esq. para a dir., Eric Idle, John Cleese, Terry Gilliam, Michael Palin e Terry Jones, do Monty Python
Da esq. para a dir., Eric Idle, John Cleese, Terry Gilliam, Michael Palin e Terry Jones, do Monty Python

Segundo sua crítica, os esquetes que marcaram o grupo foram revividas com a mesma "glória" que nos anos 1970. O jornalista John Walsh, no entanto, atacou a falta de ineditismo do conteúdo apresentado.

"Fomos arrastados para a O2 Arena sob grande despesa para assistir a material que se pode encontrar no DVD 'And Now For Something Completely Different'?", escreveu.

"É uma produção desesperadamente preguiçosa, que descansa sobre os louros, desinteressada em apresentar material novo, baseada na cobertura televisiva e na bajulação do público que conhece todas as suas palavras", disparou. "Aonde foi parar o elenco? Será que eles estão se deitando?"

Já o jornal "The Telegraph" avaliou o espetáculo com quatro de cinco estrelas.

O crítico de comédia Dominic Cavendish escreve que "John Cleese estava rouco" e "Terry Jones usou fichas [para ler o texto] e às vezes parecia perdido", mas que o grupo conquistou o público mesmo assim.

"O que lhes falta em vivacidade é compensado pelas brincadeiras coreografadas de uma trupe de 20 artistas jovens o suficiente para serem seus netos", escreve.


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