Folha de S. Paulo


Dilma destina R$ 480 milhões para viabilizar lei de cotas na TV paga

A presidente Dilma Rousseff assinou nesta terça-feira (1º) decreto que cria o programa Brasil de Todas as Telas, que deverá destinar R$ 480 milhões para estimular produções televisivas e de cinema no país.

O dinheiro será adicionado ao Fundo Setorial do Audiovisual, numa tentativa de alimentar o setor, impulsionado pela lei que obriga a veiculação de produções nacionais na TV paga.

O governo tem como meta copatrocinar 250 novos projetos por ano, entre curtas e longa metragens, além de séries e minisséries.

No total, a União destinará cerca de R$ 1,2 bilhão, se somados os anúncios de R$ 413 milhões, do ano passado, e de R$ 310 milhões para o programa Cinema Perto de Você.

Pedro Ladeira/Folhapress
Dilma, Temer, Marta Suplicy e Aloízio Mercadante no lançamento do programa Brasil de Todas as Telas, em Brasília
Dilma, Temer, Marta Suplicy e Aloízio Mercadante no lançamento do programa Brasil de Todas as Telas

O dinheiro também deverá estimular, segundo a ambição do governo, capacitação e formação profissional, por meio do Pronatec, e implantação e modernização de salas de cinema.

Segundo a ministra Marta Suplicy (Cultura), trata-se de sete vezes mais recursos do que a pasta repassa para o setor atualmente.

"A lei, que exige um percentual de filmes nacionais sendo exibidos, ela ficava com dificuldade de ser cumprida à medida que os recursos para que a produção fosse executada eram poucos", explicou a ministra.

Conforme a lei, os canais que exibem sobretudo filmes, séries, animação e documentários são obrigados a dedicar 3h30 semanais de seu horário nobre a produções brasileiras. A legislação também diz que metade desse conteúdo deverá ser produzida por produtora brasileira independente.

"E nós estamos falando de R$ 1,2 bilhão, é sem dúvida o maior programa de apoio à produção audiovisual já implementado no Brasil —pelo volume de recurso, mas sobretudo pelo conjunto de iniciativas envolvidas", disse a presidente.

Em cerimônia prestigiada por artistas e cineastas no Palácio do Planalto, Dilma disse ser espectadora de filmes —mas que também gosta "muito de livro". "Empata. O livro ganha. Eu ainda sou de uma geração que consegui imaginar o que podia com a leitura. O livro ganha por uma cabeça pequena, mas ganha."

Ela relatou ter ido, desde que tomou posse na Presidência, duas vezes ao cinema. E pediu, em raro momento de descontração, que os cineastas presentes na solenidade enviassem a ela cópias de suas obras.

"Eu geralmente não posso ir a uma sala de cinema porque sento eu e uma parte da segurança atrás de mim, o que é extremamente desagradável para as demais pessoas que estão ali", declarou Dilma.

A presidente também quebrou o protocolo e cumprimentou antes de todas as autoridades presentes no evento o ator Cauã Reymond. "Não é todo dia que a gente tem um Cauã aqui no Palácio do Planalto. O [Michel] Temer que me desculpe", disse ela.


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