Folha de S. Paulo


Aniversário de Chico Buarque inspira projetos de música e teatro

Chico Buarque pode até se esconder em Paris no seu 70º aniversário, enquanto termina o último romance, mas a data não passará em branco em shows, peças e discos, que saem nos próximos meses.

A Universal está relançando a caixa "De Todas as Maneiras", com 22 discos gravados entre 1967 e 1986. A gravadora também pôs à venda no iTunes, nesta semana, o acervo digital que tem do autor.

Nos próximos meses, serão lançados em Blu-ray "Meu Caro Amigo", "Anos Dourados", "À Flor da Pele" e "Saltimbancos". Também pela Universal, em outubro, sairão o CD e DVD da série "Samba Social Clube" com gravações de Zeca Pagodinho, Alcione e outros sambistas.

A gravadora Biscoito Fino põe nas lojas o CD com a trilha da montagem teatral "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos", que estreou em janeiro no Rio.

A peça estreia em São Paulo em agosto, no Teatro Faap. O musical de Charles Möeller e Claudio Botelho, sobre uma trupe teatral fictícia, faz ligações entre canções de quatro musicais criados pelo carioca.

"Ele só quis ver o musical pronto, quis ser surpreendido", conta Möeller. A dupla prepara para outubro "Saltimbancos Trapalhões", musical inspirado no filme de 1981, com canções de Chico. Renato Aragão e Dedé Santana participarão do espetáculo.

Nova versão de "A Ópera do Malandro", escrita por Chico em 1978, estreia em agosto no Rio, dirigida por João Falcão. Já Gustavo Paso encena em novembro o musical "Apesar de Você", com uma história fictícia de Julinho da Adelaide, pseudônimo de Chico.

Também são esperados shows em tributo ao carioca. Em São Paulo, neste sábado (21), haverá o espetáculo gratuito "Canções de Faz de Conta" no Memorial da América Latina, com Carlos Navas cantando músicas de Chico para o público infantil.

Marina de la Riva e Roberta Sá se unirão ao MPB-4 para show em agosto, em Salvador, que deve percorrer outras cidades no segundo semestre.

"Chico é um grande contador de histórias, visceral, mas também leve, malicioso e ao mesmo tempo apaixonado", diz De la Riva, que gravou com ele "Ojos Malignos" em seu álbum de estreia, de 2007.

Um susto tomou Ana Cañas quando o músico apareceu para ouvi-la no Baretto, em São Paulo, onde se apresentava no início da carreira.

"Fiquei trêmula. Imagina como foi difícil cantar 'Retrato em Preto e Branco' com ele ali bem na minha frente. Interpretar Chico é uma escola", diz Cañas,que gravou a música no seu último CD, "Coração Inevitável" (2013).

Chico é também uma "escola" para Marcelo Camelo, comparado a ele nas composições. "Tenho admiração sem fim pela música e pela pessoa que é. A influência dele não poderia ser maior", conta.

Também discípulo de Chico, o rapper paulistano Criolo, que criou uma versão para "Cálice", viu seus versos incorporados em shows do carioca. "Chico é desses presentes que a música dá para a gente. É eterno", diz.

Na área editorial, acaba de ser lançado "O Voo das Palavras Cantadas" (ed. Dash, R$ 42, 320 págs.), de Carlos Rennó, com ensaio inédito sobre Chico. O texto analisa a aliteração (figura de linguagem com repetição de sons consonantais) em suas canções.

MEMÓRIAS

Chico também aparece no livro de memórias que o cineasta Cacá Diegues lança em julho, "Vida de Cinema". Os dois foram amigos e trabalharam juntos em filmes.

A colaboração deve se repetir no início de 2015. O músico foi convidado a cantar canções da trilha de "O Grande Circo Místico", novo filme de Cacá. A produção é inspirada no espetáculo homônimo dos anos 1980, que trazia composições de Chico e Edu Lobo.

"Quero chamar o Chico, assim que ele voltar de Paris", diz Cacá, que escalou no elenco Jesuíta Barbosa ("Praia do Futuro"), Antonio Fagundes e o francês Vincent Cassel. O longa começa a ser rodado em setembro, em Portugal. (FERNANDA REIS, GIULIANA DE TOLEDO, GUILHERME GENESTRETI E MARCO RODRIGO ALMEIDA)

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: