Folha de S. Paulo


Crítica: Cássio Scapin e Rosi Campos detonam o riso em peça sobre o teatro

"Terceiro Sinal", embora tenha o próprio teatro como tema, não visa pensar a cena. Quer fazer rir, nada além.

Retrata de início o ensaio de uma peça, com atores geniosos mostrando suas fraquezas, em conflito com um diretor também caricato.

No segundo ato, ganha ritmo alucinado. O público acompanha uma apresentação a partir das coxias. Um jogo de seduções, traições, atos de crueldade e ameaças de morte, com excesso de portas que se abrem e fecham, até quase a incompreensão.

Seus personagens são burlescos, amontoados de lugares-comuns. Mas no segundo ato ela é, de fato, a peça mais engraçada em décadas.

Lenise Pinheiro - 9.mai.2014/Folhapress
Os atores Cássio Scapin e Rosi Campos em 'Terceiro Sinal'
Os atores Cássio Scapin e Rosi Campos em 'Terceiro Sinal'

Foi como descreveu o crítico Frank Rich, que viu quatro vezes o texto escrito por Michael Frayn em 1982. É tão engraçado que o espectador quer voltar seguidamente.

Mas a encenação brasileira tem problemas, a começar do fato de que elimina, sem aviso, o terceiro ato -com o fim da carreira da peça.

É certo que, já no original, primeiro e terceiro atos soam supérfluos, e a peça não tem final definido. Mas o corte é drástico, até desrespeitoso, com o autor e com o público.

Também figurinos e outros são pouco desenvolvidos, como se "Terceiro Sinal" tivesse estreado às pressas.

Cássio Scapin e Rosi Campos ajudam a sustentar a cena com empenho e estoica dignidade, além do talento cômico, interpretando um casal de atores veteranos.

Ela o trai com outro ator, ele morre de ciúmes e tenta se vingar —e é no redemoinho de ambos que a comédia se confirma bem-sucedida.

TERCEIRO SINAL
QUANDO sex., às 21h30; sáb., às 20h e 22h; dom., às 20h
ONDE Teatro Folha - Shopping Pátio Higienópolis - av. Higienópolis, 618, tel. (11) 3823-2323
QUANTO de R$ 40 a R$ 60
AVALIAÇÃO bom


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