Folha de S. Paulo


Diretora de 'Elena', Petra Costa leva o filme aos EUA

"Em Nova York, você tem que pensar pequeno, tem que querer pequeno, senão a cidade te engole", diz uma eufórica e confusa Elena, em gravação do fim da década de 1980, inserida pela irmã Petra Costa no documentário que leva seu nome.

Ao levar "Elena" para emplacar em circuito comercial nos Estados Unidos, a partir de Nova York, Petra, 30, assume ter adotado o conselho dado pela irmã aos 20 anos: ir aos poucos.

Nesta sexta (30), o filme estreia na cidade, antes de seguir para outras três: Los Angeles, na Califórnia, Columbus, em Ohio, e Muskegon, em Michigan. A ideia depois é exibi-lo em mais Estados.

Lucas Lima - 17.out.2012/Folhapress
Petra Costa, diretora do documentário 'Elena
Petra Costa, diretora do documentário 'Elena'

No documentário, Petra busca respostas sobre a decisão da irmã de se suicidar, em 1990, após tentar seguir a carreira de atriz em Nova York.

Este é o segundo retorno de Petra à cidade desde a morte de Elena. No primeiro, em 2003, o objetivo era completar o curso de artes cênicas iniciado na USP. No entanto, apaixonou-se por antropologia, curso em que se formou pelo Barnard College.

"Era muito forte a sensação de 'o que aconteceu com a Elena pode acontecer com você nesse lugar'. Mas eu tive a sorte de entrar numa faculdade, o que te dá certa proteção", conta a cineasta, que percebeu uma Nova York diferente em sua segunda passagem pela cidade.

"Agora que vim para lançar o filme, foi mil vezes mais difícil. Acho que a minha experiência agora se aproximou muito mais da experiência da Elena aqui, porque o mais difícil é entrar no mercado."

Petra tem, porém, o importante apoio dos diretores Fernando Meirelles e Tim Robbins como produtores-executivos do filme nos EUA.

"O filme não é uma aposta certa, algo a ser vendido com promessa de grandes plateias. Mas é um filme necessário porque todos já vivemos algo assim", afirma Robbins em vídeo de divulgação da obra no país.

Com a chegada do filme aos EUA, Petra realiza dois objetivos: exibir o documentário na cidade que fez parte da história da irmã e associá-lo a trabalhos de prevenção ao suicídio. Nos EUA, cerca de 40 mil pessoas tiraram a própria vida em 2013.

A cineasta fechou parcerias com três organizações americanas que cuidam do tema: a Nami, a Samaritans e a Fundação David Lynch. Na primeira semana de exibição em Nova York, serão realizados painéis de discussão sobre suicídio após as sessões, e toda a bilheteria será doada aos grupos de apoio.

"A ideia é que o filme também seja usado pelas organizações na formação de pessoas que irão trabalhar com prevenção de suicídio", diz Mikaela Beardsley, que coordena o trabalho com as três instituições parceiras.

Em março, a equipe de "Elena" fez um tour de exibição por universidades americanas como Harvard e Princeton."Para mim, esse componente psicossocial era muito importante", diz Petra.

"Ao fim do filme, alguns estudantes falavam comigo, dizendo que estão passando ou passaram por episódios de depressão ou pensamentos suicidas, e que o filme os fez pensar de outra forma."

Veja vídeo


Endereço da página:

Links no texto: